Lucrando com Música: Como Investir em Royalties Musicais!

O capitalismo é uma forma de organização da sociedade que premia a ação empreendedora, e, principalmente, a inovação. A busca pelo lucro é o motor que move a roda da economia, junto com algumas instituições importantes que permitem que o ato de inovar seja recompensador, como a proteção à propriedade privada, direito a patentes, preços livres, mercados competitivos, livre iniciativa, facilidade para fazer negócios, etc.

O ato de inovar é por si só arriscado, pois não se sabe se o produto/serviço terá aceitação no mercado, quanto tempo levará para que se chegue a versão final do produto, se os consumidores estarão dispostos a pagar o preço de venda, se os competidores estão investindo em produtos similares, entre outras preocupações igualmente relevantes. Ainda, é fundamental pontuar que inovação pode vir muito antes, desde a ciência, passando por tecnologia e também inovando em produto/serviço, ou mesmo uma nova forma de atendimento (processo).

Assim, o criador de um produto ou processo prefere ganhar menos no presente (investindo em um produto inovador) para ganhar mais no futuro. Pelo menos, é o que ele espera!

No mundo das criações artísticas, a proteção à propriedade intelectual é fundamental como incentivo ao processo criativo. No caso da música, um compositor fica dias, meses e até anos para criar a sua nova canção ou álbum, sem qualquer garantia de que um sucesso ou fracasso.

A lógica de criação artística

Anteriormente, os artistas do ramo musical dependiam quase que exclusivamente da venda dos CDs e ficavam nas mãos da grandes gravadoras (o filme do Queen, por exemplo, mostra essa dependência de forma explícita).

Vale ainda fazer uma ressalva: há uma grande diferença entre direito autoral, que é a proteção a composição (conjunto de letra, harmonia, melodia e arranjo) e o direito conexo, ou seja, a proteção ao fonograma, que é o arquivo da música gravada. Quem cuida do direito autoral é a editora, enquanto que quem faz a gestão dos direitos conexos é a gravadora.

Agora, o cenário de dependência dessas gravadoras mudou consideravelmente. Com o advento do streaming, passou-se a consumir mais música ao longo do tempo. Com isso, as quantias pagas de royalties musicais – ou seja, uma compensação ao artista pela reprodução da sua música -, começaram a aumentar de forma progressiva.

Mas ainda havia a questão do risco: como saber se a nova empreitada do artista seria um sucesso?

Aí o capitalismo sempre dá a resposta: o mercado aceita participar desde que a remuneração esperada compense o risco incorrido. Bem vindo ao mercado de compra e venda de royalties musicais!

Como funciona esse mercado?

É importante dizer que o direito por receber proventos em decorrência da reprodução de uma música pode ser considerado um ativo.


Lembre-se que um ativo, ou seja, um bem/direito que possui um fluxo de caixa e/ou expectativa de apreciação pode ser um bom investimento. Mas essa não é uma recomendação de compra/venda.

E como qualquer outro, este ativo pode ser transacionado em mercado secundário, isto é, o detentor desse direito pode repassá-lo a terceiros mediante o pagamento de uma quantia em dinheiro ou em troca de outro bem.

Essa é a lógica por trás de sites como o Hurst Capital. Essa plataforma funciona como um intermediário entre interessados em vender seus royalties e potenciais compradores desses ativos. No jargão das finanças, as plataformas dão liquidez para esses ativos. Além disso, vale ressaltar que o royalty a ser negociado pode estar vinculado com uma nova produção de um artista ou pode ser uma coletânea antiga, no qual o dono queira dar liquidez ao seu bem.

Veja também esse vídeo da Forbes que explica bem a lógica por trás desse tipo de investimento:


Mas quais são as condições para investir?

Há vários condicionantes que estão ligados a negociação desses royalties nas plataformas. São definidos na oferta:

  1. O número de composições vinculadas (pode ser uma só ou uma coletânea, inclusive de artistas diferentes);
  2. O período que esses royalties ficarão sob posse do comprador (pode ser 10 anos, ou a vida toda);
  3. Quais direitos estão incluídos na oferta (reprodução em streaming, rádio, filmes, entre outros).

Obviamente, quanto maior é o potencial de ganhos vinculados a esses royalties, mais elevado tende a ser o preço negociado. Aliás, sobre o preço da oferta, valem três observações fundamentais.

Em primeiro lugar, é importante mencionar que a plataforma disponibiliza uma série de informações que ajudam o investidor a tomar a melhor decisão, como por exemplo a receita gerada nos últimos anos; em caso de coletâneas de músicas, qual é o “carro-chefe” de receita; divisão dos proventos por canal de reprodução, como streaming e rádio, entre outros dados. Assim como qualquer outro investimento, são essas as informações que balizam a decisão de alocar ou não capital nessa modalidade.

O segundo ponto está relacionado com a repartição desse direito em partes menores, acessíveis ao pequeno investidor. Antes desse mercado dos royalties, era possível comprar esses direitos, mas os preços inibiam a participação de quem não tinha tanto dinheiro. Com o passar do tempo, esses direitos começaram a ser particionados, o que permitiu a entrada de pequenos investidores nesse mercado.

Por fim, um ponto positivo nesse mercado, ao menos aos olhos dos investidores, é que os fluxos provenientes dos royalties musicais não são correlacionados com o mercado acionário. Afinal, ninguém para de ouvir música em uma crise econômica, não é mesmo? Em um momento de turbulência, esse tipo de investimento pode servir inclusive como um hedge para a performance da carteira.

E no Brasil, esse mercado existe?

Aqui no Brasil, começamos a dar os nossos primeiros passos na direção da popularização dos investimentos alternativos, como é o caso dos royalties, capitaneados por plataformas como a Hurst. Nesse ambiente de juros baixos, a busca por opções com maior rentabilidade será cada vez mais observada, inclusive para o pequeno investidor.

Quanto a negociação de royalties musicais, estamos ainda muito atrasados em relação aos americanos. Contudo, eis uma parte “meio cheia” do copo: nosso sistema de proteção e remuneração dos autores/artistas é um dos mais avançados e eficazes do mundo. O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), que faz a gestão desse sistema, distribuiu em 2019 um total de R$ 986,5 milhões para 383​ mil artistas e outros titulares.

O pequeno investidor brasileiro agora tem acesso a esse mercado. Contudo, ainda devemos crescer muito nessa área durante os próximos anos. Já pensou ter em sua carteira de investimentos os royalties musicais dos seus artistas favoritos? Essa já é uma realidade!

Atualizado em

Por: Bruno Papi

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