Guia Completo: Taxa de Inflação e o índice IPCA

A Taxa de Inflação é algo extremamente importante para o nosso país. Ela é o reflexo da nossa nação, demonstrando nossa solidez, nossa confiabilidade e credibilidade para o mundo.

Porém, como em muitos outros temas financeiros e econômicos, os brasileiros são negligenciados de conhecimento básico para entender esse e outros temas muito importantes.

Por isso, eu vou explicar sobre o principal índice que mede a inflação: o IPCA; e demonstrar para que ele serve.

O que é inflação?

A inflação é o resultado do aumento generalizado dos preços, mas isso não é tudo. Aliás, essa é apenas a consequência. Precisamos entender também a causa desse problema, que são 2 motivos:

1) Aumento da quantidade de moeda em circulação

Quando o dinheiro circula com maior velocidade na economia, incentiva as pessoas a produzirem riquezas e melhorar os padrões de vida.

“Bruno, você falou grego. O que isso quer dizer?”. Quer dizer que quando o dinheiro volta rápido para você, mais rico você pode ficar.

Você enriquecendo, consegue uma melhor qualidade de vida. Pode consumir produtos e serviços que não poderia consumir anteriormente e mudar de estilo de vida.

Mas, para esse dinheiro voltar mais rápido para você, muitas vezes o governo precisa aumentar a quantidade de dinheiro no país.

O problema é que se todo mundo tem dinheiro, menos valorizado fica esse dinheiro. Afinal, se todo mundo tem, é fácil de conseguir, então fica mais barato.

O Ouro é um exemplo. Por que você acha que ouro é tão caro? Porque ele não existe em grande quantidade e não é todo mundo que poder ter, o que aumenta seu valor.

Portanto, o governo não pode colocar muito dinheiro para circulação, porque só desvalorizaria a moeda e deixaria tudo ainda mais caro.

2) Aumento do consumo

Lembra que o dinheiro circulando mais rápido incentiva a produção de riquezas? Isso é verdade até certo ponto. Vai depender da “velocidade” que a população utiliza esse dinheiro.

Pensa só, se muita gente tiver dinheiro, mas o desenvolvimento do país não segue o mesmo ritmo, consequentemente teremos um desequilíbrio na lei de oferta e demanda.

Pode ser que tenha tanta gente querendo tantos produtos e serviços que o mercado não consiga acompanhar esse ritmo. Nesse momento, a lei de oferta e demanda da as caras e faz o que? Aumenta todos os preços do mercado, inflacionando-o.

Para que serve a inflação?

Já vimos que a inflação pode ocorrer por causa da desvalorização da moeda ou pela escassez do mercado. Mas para que serve isso exatamente? Você sabe?

A inflação é uma reação normal do mercado e serve para desestimular o consumo excessivo. Como dissemos anteriormente, o aumento do consumo ou do poder aquisitivo de forma abrupta desequilibra a oferta e a demanda.

Temos que tomar cuidado com inflação também para não nos prejudicarmos com o aumento constante dos preços.

Então, compreenda a inflação como um retrato da situação financeira de um país. Até porque, muitos dos países já desenvolvidos possuem uma “inflação negativa” chamada de deflação.

Isso significa que esses países possuem produtos e serviços cada vez mais baratos, por conta do seu controle de oferta e demanda.

“Mas Bruno, como assim inflação negativa?”. Acho que está na hora de explicar a Taxa de Inflação, também chamada aqui no Brasil de IPCA.

O que é IPCA?

IPCA é a abreviação de Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo e é o Índice oficial de inflação do Brasil. Esse índice é considerado a Taxa de Inflação oficial do Brasil e sofre variações percentuais mensuradas pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Por isso que falei de inflação negativa no tópico anterior.

Para você ter uma melhor noção do que estou falando, olha só esse gráfico mostrando a variação do IPCA de 2010 até 2020:


Outro exemplo é a evolução percentual mensal, como essa tabela que demonstra os dados de 2010 a 2020:


Esse índice é calculado mensalmente e divulga se os produtos e serviços no país todo sofreram alguma alteração nos seus preços. Ou seja, é uma pesquisa bem grande e completa!

Outro ponto importante do índice é sua população objetivo. Afinal, os produtos e serviços não possuem o mesmo preço em lugares diferentes, já que a quantidade de pessoas e de poder aquisitivo variam de região para região, correto?

Pensando nisso, as pesquisas do IBGE para a formulação desse índice é realizada com famílias de rendimento mensal de 1 a 40 salários mínimos. Isso engloba praticamente toda a população brasileira e torna o resultado muito mais realista.

Qual é a função dessa Taxa de Inflação?

Bem simples: verificar a variação de preços dos mais variados produtos e serviços disponíveis no mercado. Por mais que isso possa parecer desnecessário, praticamente tudo que você consome no dia a dia sofre inflação e é demonstrado nessa taxa.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão superior responsável por monitorar as Taxa de Juros e Taxa de Inflação para formular a politica da moeda e do crédito no país. Para você ter uma ideia, essa é a autarquia responsável por todo nosso Sistema Financeiro Nacional, do Governo Federal, e comanda o BACEN, a CVM e a SUSEP.

Sendo assim, a CMN utiliza o IPCA para referenciar a Meta de Inflação para o ano. A taxa de juros SELIC é uma das ferramentas utilizadas para controlar a inflação, assim como a redução de moeda em circulação no mercado ou aumento de impostos.

Como é calculado o IPCA?

O IBGE realiza uma pesquisa chamada POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) e identifica os produtos e serviços mais consumidos pela população. Além disso, o instituto também identifica o quanto do rendimento familiar é gasto em cada produto.

Segundo os últimos resultados da POF, os tipos de gastos da nossa população são divididos da seguinte maneira:


A pesquisa é realizada em 13 áreas urbanas e mensura mensalmente mais de 430 mil preços em 30 mil locais. Quando comparado com o mês anterior, é possível identificar se o preço deste item se manteve, subiu ou diminuiu.

Falando de maneira mais rebuscada, o IBGE identifica uma média ponderada para saber se os preços, em geral, subiram ou desceram. Por exemplo: vamos imaginar que o Arroz ficou 0,50% mais barato de um mês para outro, mas o feijão ficou 0,30% mais caro e a soja ficou 0,70% mais cara também.

Calculando de forma bem simples: 0,30 + 0,70 - 0,50 = 0,50%

Ou seja, a inflação desse período foi de 0,50% no mês, por mais que alguns produtos tenham ficado mais baratos.

O que a Taxa de Inflação interfere nos investimentos?

Já que a inflação existe para desvalorizar o poder de compra do nosso dinheiro, é interessante realizarmos investimentos, não acha? Até porque o que você compra hoje com R$ 100, pode estar custando daqui a um ano R$ 105, R$ 110, R$ 115 ou até mais.

Justamente por causa dessa desvalorização, existem investimentos que, para atrair seus investidores, oferecem taxas de rendimento de 100% da IPCA mais uns juros extras.

Um ótimo exemplo disso é o próprio Tesouro Direto, que possui essa opção com um título público chamado Tesouro IPCA+. Para entender melhor esse título e sua relação com o IPCA, leia o nosso guia completo sobre o Tesouro IPCA+ aqui.

Além do Tesouro IPCA+ você também conseguirá achar Títulos de Renda Fixa e também Fundos de Investimentos indexados a essa Taxa de Inflação.

Conheça outras Taxas de Inflação

As taxas de inflação são medidas por várias entidades diferentes e para setores diferentes. O IBGE é o mais comum por ser a entidade responsável pelo IPCA, que é a taxa oficial do Brasil, mas existem outras importantes também, como a FGV (Faculdade Getúlio Vargas) e a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

As das Taxas mais usadas na nossa economia são as seguintes:

  • IGP (Índice Geral de Preços – FGV);
  • IPA (Índice de Preços no Atacado – FGV);
  • INCC (Índice Nacional do Custo da Construção – FGV);
  • INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor – IBGE);
  • IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IBGE);
  • IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor da Fipe).
Atualizado em

Por: Bruno Papi

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