Como gastar menos do que ganha? É possível?

Para muitas pessoas parece impossível: o saldo no final do mês — ou mesmo antes disso — está no limite, quase no zero. Muitas vezes pode mesmo ficar no negativo.

Você se embola nas contas, gasta com coisas que não tinha planejado e nunca consegue realmente ficar tranquilo financeiramente, sem pensar nos problemas de amanhã.

Não se preocupe: é possível gastar menos do que você ganha!

Mas para isso você precisa começar identificando alguns comportamentos que te fazem perder o controle da sua vida financeira e nós separamos os 3 principais.

Problema nº1: quanto mais a gente ganha, mais a gente gasta

Pense no seu último aumento de salário — mudando de emprego ou sendo promovido — e reflita como você estava na época:

  • O quanto você recebia?
  • Como era a sua vida?
  • Como eram os seus gastos e seu saldo lá perto do dia 30?

Agora, pense na sua vida atual e responda às seguintes perguntas:

  • O seu padrão de vida melhorou?
  • Você está mais feliz?
  • O dinheiro que fica na conta é maior, menor ou igual?
  • Você conseguiu realizar algum grande sonho?

Se as respostas forem negativas, possivelmente você nem sabe com o que está gastando. Entenda que, à medida que vamos ganhando mais, no lugar de melhorar nosso padrão de vida, acabamos comprometendo esse dinheiro sem nem perceber.

Então, você tem o merecido aumento e, na prática, nada muda. Quando na verdade esse dinheiro poderia estar sendo destinado um investimento maior, uma viagem, ou mesmo guardando para conseguir levar uma vida mais estável.

Problema nº 2: a gente não sabe com o que gasta

No geral as pessoas não planejam, simplesmente gastam. Esse é um erro gravíssimo e é onde mora o início do endividamento, em muitos casos.

Geralmente, são gastos não planejados e que a gente nem se lembra que aconteceram no final do mês.

O pensamentos mais comuns são:

  • “É só R$10”;
  • “É só mais R$5”;
  • R$15? Esse Uber está quase o mesmo preço do metrô”.

Acontece que no final das contas você acumulou, fácil fácil, R$ 300… R$400… R$500 e não percebeu como e nem onde gastou.

Problema nº 3: você sempre tem justificativa para os gastos — mesmo que elas não façam sentido

Nós sempre temos excelentes motivos para comprar, especialmente quando essa compra está relacionada com alguma outra motivação, como a ansiedade.

O problema é que a partir dessas justificativas você pode estar contornando um problema e construindo outro logo em seguida.

“Parcelado fica tão baratinho!”

O grande problema das compras parceladas é que você acaba não se dando conta do somatório das parcelas, e no final acaba com uma fatura muito mais alta do que imaginava.

Em outros casos, o número de comprar parceladas é tão alto que, mesmo conseguindo pagar a fatura, você acaba optando por ter muitos cartões — e assim compensar o limite que já foi gasto nas compras a prazo.

“A vida é uma só!”

E por isso mesmo você precisa pensar na qualidade material e também mental que ela pode te proporcionar.

Estar endividado traz problemas sérios para a saúde mental e física, pois a preocupação e a ansiedade acabam liberando substâncias que te fazem perder o sono, desenvolvem gastrite, pressão alta e outros problemas.

Além disso, os problemas financeiros podem afetar a sua vida relacional — com marido, esposa, filhos e amigos — e transformando os momentos de prazer em mais motivos para se estressar.

Para se ter uma ideia, cerca de 46% dos casais brasileiros brigam por assuntos relacionados a dinheiro, e infelizmente muitos deles acabam terminando em divórcio.

“Mês que vem eu compenso”

Essa frase é do tipo “segunda-feira eu começo” quando alguém fala sobre começar uma dieta, mas que acaba sendo uma desculpa para não mudar de comportamento na hora.

E no geral, se você não consegue ter controle ou motivação o suficiente para controlar o gasto hoje, o que te faz pensar que será diferente amanhã?

“Eu mereço, trabalhei duro!”

Se está triste, merece comprar aquilo para se alegrar. Se está feliz, merece para se parabenizar ou recompensar.

E não é que ele não seja justo. Mas uma excelente recompensa pode ser justamente a tranquilidade financeira que você tanto espera.

Por que não começa a pensar que merece juntar dinheiro e se presentear com saldo positivo, contas em dia, nome limpo e quem sabe até uma compra mais significativa e consciente a médio prazo? Esse é o melhor presente que você pode se dar.

“Eu deveria ganhar mais!”

Mas gastar mais não resolve esse problema. E, na verdade, o melhor caminho é saber gastar o que ganha porque, como dissemos, essa pode não ser a solução dos seus problemas.

Se você já gasta mais — especialmente sem necessidade — do que ganha, dificilmente vai conseguir mudar esse cenário ganhando mais.

Como sair do ciclo da pobreza

O primeiro passo para sair do ciclo da pobreza é não se desesperar: decisões tomadas em momentos de desespero geralmente não são pensadas e acabam sendo tão impulsivas quando os próprios gastos.

Depois de entender isso, tire um tempo e siga os passos abaixo:

Separe os gastos indispensáveis

Existem algumas contas essenciais, que você não pode deixar de pagar, e que geralmente tem uma média de gastos muito próxima, mês a mês:

  • Água
  • Luz
  • Gás
  • Aluguel
  • Telefone
  • Comida

Depois de definir quais são as suas, entenda exatamente quanto do seu salário é destinado para cada uma dessas despesas e já reserve o valor. Afinal, antes de qualquer coisa, você precisa ter suas necessidades básicas para conseguir realizar as outras atividades.

Pense bem antes de gastar

Para os demais gastos, no geral você sempre tem mais de uma opção. Por isso, a ideia aqui é que você sempre avalie todas as suas possibilidades antes de gastar. Por exemplo:

  • Pedir um hambúrguer X fazer um hambúrguer você mesmo
  • Sair com os amigos X chamar a turma para beber em casa

Entende? Não significa que você precisa abrir mão de todos os momentos de lazer, mas sim, que você faz boas escolhas para aproveitar esses momentos do jeito certo.

Com pequenas substituições você pode ter o mesmo resultado gastando menos: saciar uma vontade de comer aquele hambúrguer ou de participar do happy hour.

Mas lembre-se sempre que: no geral, quanto menos dinheiro você gasta, mais tempo você precisa investir. Por isso, boa parte da sua economia também dependerá da sua disposição para fazer as trocas e colher os frutos.

Separe um valor para você

Se você acredita mesmo que precisa de uma recompensa ou uma válvula de escape, escolha um valor fixo mensal — independentemente de ser R$20,00 ou R$200,00 — para gastar com os seus impulsos.

Mas isso também demanda um esforço, muito ligado a dica anterior: aqui você também tem que saber fazer escolhas.

Como você está se educando para ter uma vida financeira mais saudável, nada será uma mudança radical e sim, aos poucos.

Pense que é melhor ter controle sobre os seus gastos com algo que você quer muito, do que fingir que os desejos vão deixar de existir em um passe de mágica.

Só que estabelecendo um limite, você vai pensar várias vezes antes de gastar o dinheiro, e se quiser algo de valor maior, vai acabar economizando para juntar o dinheiro e comprar daqui a um tempo.

Tenha prioridades claras

Estabelecer metas e objetivos financeiros ajudam você a organizar melhor os gastos. Por exemplo:

  • Ter pelo menos R$100 reais no banco ao final do mês;
  • Conseguir juntar um valor X para fazer aquela viagem;
  • Guardar, pelo menos, R$50 reais todo mês que você não pode mexer por 10 meses.

Lembre-se sempre que realizar sonhos é uma excelente prioridade, mas não ter o nome sujo também! E é possível conciliar as duas coisas e ser feliz, dando um passo de cada vez.

Monitore os seus gastos

Quanto mais a gente pensa “Nem quero ver o valor que já está a fatura do meu cartão”, maior é o sinal de que a gente precisa fazer isso o quanto antes.

Primeiro, porque o choque de realidade te ajuda a evitar os próximos gastos desnecessários.

Segundo, porque só assim você vai começar a ter controle sobre os seus gastos, e não o contrário.

Tenha uma planilha mensal de gastos, seja em papel, no computador ou celular. Não deixe de anotar tudo, todos os dias. No começo pode ser cansativo, mas você vai ver como isso pode facilitar a sua vida, além de manter o seu controle.

Hoje em dia existem diversos aplicativos que ajudam a monitorar os gastos e sincronizam tudo, inclusive as movimentações da conta.

Não deixe que a primeira conquista tirar o foco

Infelizmente, muitas pessoas acabam perdendo o foco de suas metas quando atingem a primeira conquista. Por exemplo, quando encerram o primeiro mês com a conta bancária positiva e não persistem no resto do ano.

Seria como alguém que fez uma dieta saudável por um mês inteiro, decidir que pode comer só fast food no outro mês.

A ideia é a mesma. Quando você vence da primeira vez, logo vem a desculpa da recompensa e você se dá um motivo para extrapolar um pouco mais. É aí que mora o perigo de voltar para o início do ciclo, por isso tenha cuidado!

Use a força de vontade que você teve até aqui como um motivador ainda maior para continuar no caminho. Lembre-se de que a atenção e o cuidado são diários quando queremos mudar hábitos ruins e que você está no caminho certo.

Finalmente, coisas que você precisa entender para iniciar essa jornada

Sim, nós temos mais dicas. Mas sabe aquele choque de realidade que nos ajuda a colocar os pés no chão e manter a nossa cabeça do lugar. É disso que estamos falando.

1. Economizar dinheiro, geralmente, significa gastar um pouco mais de tempo

Vamos ao exemplo do hambúrguer. Vai ser mais rápido e cômodo pedir no delivery do que fazer em casa e depois ter que lavar a louça.

Mas o investimento foi na verdade uma troca: você investiu tempo para economizar dinheiro, e no final esse dinheiro pode ser usado em outras opções de lazer, ou seja, você ganha duas vezes!

2. O limite do seu cartão é diferente do seu limite de gastos

Geralmente o seu limite de cartão é muito maior do que o que pode gastar com ele. Isso dá uma falsa sensação de que você não está gastando ou que ainda tem “dinheiro” disponível mas, na verdade, não tem.

O limite está lá, e de forma alguma ele significa que você precisa gastar tudo. Conhecer os seus próprios limites vai te ajudar a manter o controle.

3. A sua prioridade precisa ser pagar as contas

Se você tiver que escolher entre viajar e pagar as contas, não pense duas vezes e pague as contas! Porque você sabe: essa conta vai chegar e você precisará arcar com ela, de uma forma ou de outra.

Por isso avalie sempre o seu dinheiro extra: FGTS, férias, décimo terceiro… todas essas são excelentes oportunidades de quitar suas dívidas e manter o controle da sua vida financeira. Contas atrasadas vêm com juros e pagar juros é perder dinheiro.

Atualizado em

Por: Bruno Papi

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