Nubank perde mais de 30% do seu valor desde o IPO

As BDRs do Nubank caíram, no dia de hoje, cerca de 5,32%. Encerrando o pregão cotadas a R$ 7,12.

Nesse preço, significa que desde que fez o seu IPO em 9 de dezembro, o Nubank perdeu mais de 38% do seu valor.

A expectativa de um aumento dos juros mais intenso nos Estados Unidos teve impacto extra nas novas empresas de tecnologia e fez o valor de mercado do Nubank (B3:NUBR33;NYSE:NU) cair abaixo do valor do Itaú (ITUB4). Assim, o Nubank perdeu o posto de banco mais valioso da América Latina.

A fintech terminou a terça-feira (18), avaliada em US$ 35,58 bilhões, enquanto o maior banco privado do Brasil (Itaú) valia US$ 38,64 bilhões. Quando abriu capital, em dezembro, o Nubank foi avaliado em US$ 41,5 bilhões.

Neste começo de 2022, o banco digital, que fez uma das maiores aberturas de capital nos Estados Unidos no ano passado, vê sua ação cair 23,2%. Comparativamente, os papéis do Itaú negociados na mesma Bolsa de Nova York subiram 10,7% no mesmo período. As ADRs do Bradesco (BBD), que têm valor de mercado de US$ 32,74 bilhões, tiveram alta de 8,5%.

Fintechs em queda na Bolsa

Entre as fintechs, empresas de pagamentos e de tecnologia nos EUA, a corretora digital Robinhood cede 21,91%, a Toast perde 26,43% e a Affirm tem queda de 32,59%.

Segundo o portal Infomoney, o movimento é geral. O índice de empresas de tecnologia Nasdaq já cai quase 5% este ano, enquanto os bancos como Goldman Sachs, JPMorgan, Citi e Morgan Stanley passaram a prever elevação de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) já em março, seguida de mais três altas até dezembro. De zero, o juro dos EUA deve ir para 2% ou 2,5%, tornando mais caro o custo de capital para as empresas. E as de tecnologia são as que mais precisam de dinheiro.

Em entrevista para o portal, a economista para Estados Unidos do Citi, Veronica Clark, avalia que o discurso do Fed passou a ficar mais contracionista, na medida em que a inflação americana não dá trégua. Se antes o banco previa a primeira alta de juros nos EUA em junho, agora vê o aumento ocorrendo em março. Clark não descarta que ocorra um aumento mais intenso neste começo de 2022, de 0,50 ponto porcentual. Esse movimento tende a reduzir a liquidez (disponibilidade de dinheiro) no mercado financeiro.

Além da questão do Fed, o executivo de uma empresa brasileira que abriu o capital recentemente nos Estados Unidos, conta que companhias brasileiras estão sendo ainda mais penalizadas na onda de precificação das ações do setor de tecnologia.

O temor com o risco fiscal, a perspectiva até de uma recessão este ano e a incerteza eleitoral estão contribuindo para a queda mais intensa das ações quando comparadas aos pares internacionais, diz ela.

Os investidores preferem as empresas consolidadas

Esse movimento, no entanto, é desigual. Enquanto Nubank, PagSeguro, Stone e XP recuam ou estão no zero a zero, as ações de algumas das mais tradicionais empresas brasileiras sobem em Nova York.

Além dos bancos, os papéis da Petrobras (PBR) acumulam alta de 11,17%, e os da Vale (VALE), de 12,60%.

É natural que, diante de um ciclo de alta de juros, os investidores prefiram papéis de empresas com modelo de negócio já estabelecido e lucro estável.

Produtoras e exportadoras de commodities, Petrobras e Vale são fortes pagadoras de dividendos. Juntos dos bancos brasileiros, que estão entre os mais rentáveis do mundo. O Nubank, assim como muitas fintechs, ainda opera no vermelho – teve prejuízo de R$ 528,4 milhões nos nove primeiros meses do ano passado.

Uma pista está no movimento dos investidores estrangeiros na B3. Neste mês, eles aportaram até o momento R$ 11,59 bilhões na Bolsa de Valores brasileira.

Expectativas do Roxinho estão em alta

O movimento de mercado que tirou do Nubank o posto de banco mais valioso da América Latina contrasta com as expectativas de analistas para os resultados da fintech. Após o IPO, bancos de investimento começaram a cobrir a ação com estimativas otimistas para o futuro, com previsões de lucros bilionários a partir de meados desta década.

Em relatório divulgado na quinta-feira passada (13), o UBS BB previu que o Nubank deve chegar a 52 milhões de clientes nos resultados do quarto trimestre de 2021, que ainda serão divulgados. A operação ainda dará prejuízo, mas os analistas destacaram que, pelo critério ajustado, ficará próxima do zero a zero, com perda de US$ 15 milhões.

“O ARPAC (sigla em inglês para receita média por cliente ativo) deve se expandir um pouco mais, e acreditamos que este é o principal indicador a se monitorar”, escreveram os profissionais. A carteira de crédito do Nubank deve saltar 81%, estimam, para US$ 6 bilhões.

Por outro lado, há um contraste em relação aos números esperados pelo próprio UBS BB para o Itaú. O maior banco brasileiro deve apresentar lucro trimestral de R$ 7 bilhões, afirma a casa, com uma carteira de crédito próxima de R$ 800 bilhões e margens de R$ 20,1 bilhões.

Lembrando que esse texto tem caráter meramente informativo, portanto, não se trata de recomendação de compra e venda de ativos.

Atualizado em

Por: Bruno Papi

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