Guia Completo: Tesouro Selic

Finalmente, um dos títulos mais desejado desse nosso país vai receber um posto inteirinho para ele: o Tesouro Selic. Você entenderá a partir de agora todos os detalhes mais importantes desse título, desde a origem de sua rentabilidade até os maiores riscos que você pode correr.

Para ajudar, vou deixar também o vídeo que está disponível lá no canal do Criando Futuro no YouTube. Dá só uma olhada:

E vamos para o texto entender todos os detalhes desse ativo tão importante.

Entendendo os conceitos básicos

Antes de explicar sobre o Tesouro Selic é importante ressaltar 3 termos e suas respectivas diferenças:

  • Tesouro Nacional: é a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) que pertence ao Ministério da Economia. É responsável pela dívida pública do Brasil e serve como “caixa” do Governo.
  • Tesouro Direto: é a plataforma online utilizada pela STN para realizar a negociação da dívida nacional, por meio de Títulos Públicos.
  • Título Público: é uma forma de comprovante que uma pessoa ou empresa recebe ao comprar parte da dívida do Governo. Antigamente, era um papel parecido com um diploma que comprovava que o Governo havia uma pendência com você. Hoje em dia, é apenas de forma eletrônica.

É sempre bom frisar isso para que o entendimento do investimento seja pleno e sem ambiguidade.

Isso quer dizer que quando nos referimos ao Tesouro Selic, estamos nos referindo a um título público, emitido pelo Tesouro Nacional e negociado na plataforma do Tesouro Direto.

Esse título, junto com o Tesouro IPCA e o Tesouro Prefixado são os responsáveis por regularizar a dívida pública nacional.

O que é o Tesouro Selic

Já sabemos que o Tesouro Selic – antigamente chamado de LFT ou Letra Financeira do Tesouro – é um título público. Mas quando pensamos em “investimentos” pensamos também inevitavelmente que “podemos nos dar mal” ou que “será muita burocracia para investir”.

Mas esse não é o casso do Tesouro Selic. Como o próprio nome dele diz, é um investimento atrelado a Taxa Selic. Diferente de muitos investimentos – que geralmente rendem uma porcentagem da Taxa CDI – o Tesouro Selic rende 100% da Taxa Selic, independente do valor que ela esteja.

Então pode ficar tranquilo por que esse título é extremamente fácil de investir, acompanhar e entender. Agora é hora de responder uma curiosidade: por que o Tesouro Selic é indexado à Taxa Selic?

A relação Tesouro Selic e a Taxa Selic

Caso queira saber tudo sobre a Taxa Selic, recomendo que leia esse artigo. Agora vou dar só uma resumida apenas para deixar entendido a relação entre a taxa e o título.

Partindo desde o princípio, Selic significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia. É um sistema computadorizado e utilizado pelo Banco Central do Brasil (BACEN) para controlar a emissão, compra e venda de títulos.

A partir desse sistema é calculada a taxa média ponderada dos juros praticados pelas instituições financeiras. Mas esses juros não são referentes aos empréstimos feitos ao público ou seus clientes. É a taxa do empréstimo ENTRE as instituições.

"Mas Bruno, por qual razão um banco faria um empréstimo para outro?", isso é simples. Por causa de uma medida do próprio BACEN, chamada de Depósito Compulsório.

Esse tipo de depósito é na verdade uma parcela dos milhões de depósitos que os bancos recebem diariamente. A razão disso é controlar o excesso de dinheiro em circulação na economia e evitar o aumento descontrolado da inflação.

Como os bancos tem essa obrigação, muitas vezes algumas instituições finalizam o dia com mais ou menos dinheiro do que deveriam ter em seus caixas. A partir disso, são feitos empréstimos entre as instituições financeiras, com prazos curtíssimos de no máximo 24h.

Assim, a instituição que estiver com menos dinheiro do que deveria pode pegar emprestado o valor necessário com outra instituição e pagar no dia seguinte.

A garantia desses empréstimos, realizados diariamente entre os bancos para cumprir a lei, são justamente os títulos públicos. Os bancos utilizam esses títulos como garantia porque a maior parte dos títulos públicos é comprada pelos grandes bancos e revendida aos seus investidores.

A maior vantagem do Tesouro Selic é…

Com certeza, a maior vantagem do Tesouro Selic é sua versatilidade em relação aos outros investimentos de Renda Fixa e se você ainda deixa o seu dinheiro só no banco, está na hora de conhecer outras alternativas.

Principalmente as pessoas que são interessadas em investir, mas não sabem por onde começar por medo ou até para quem já investe, mas não tem muito conhecimento do mercado financeiro.

Por exemplo, qual é o investimento mais comum no Brasil? Pois é, a poupança. Mesmo não podendo ser considerada um investimento de verdade, já que seu rendimento faz com que você perca dinheiro há mais de uma década.

Mesmo assim, é o jeito mais fácil que tem atualmente de começar a acumular dinheiro e ver alguns rendimentos entrarem na conta. Mas essa facilidade, assim como seus outros atributos, não é vantajosa para quem deseja de fato investir.

Resumindo tudo, Tesouro Selic é o investimento – de fato – mais recomendável para quem deseja sair da poupança, investir com uma rentabilidade real, com segurança e tranquilidade.

Mas agora que citei a segurança, vamos entender o por quê.

Os riscos que envolvem o Tesouro Selic

Existe pelo menos 1 tipo de risco para cada investimento. Mas para ser mais exato, podem existir 3 tipos básicos de risco: Risco de Mercado, Risco de Crédito e Risco de Liquidez.

1 – Risco de Liquidez

Em relação ao Risco de Liquidez, podemos ficar despreocupados. Esse é o risco de você não conseguir resgatar seu dinheiro a tempo.

Os títulos públicos podem ser resgatados a qualquer momento (mesmo isso sendo contraindicado). Mas, caso isso seja realmente necessário ou desejado, você conseguirá sem problema.

2 – Risco de Crédito

A mesma coisa com o Risco de Crédito, que é o risco de não ter seu dinheiro investido de volta. Os Títulos Públicos são emitidos pelo Governo Federal. Ou seja, a única forma de você não receber seu dinheiro é se o Governo Federal falir.

A chance de isso acontecer seria bem pequena já que o Governo pode controlar os encargos tributáveis e a emissão de dinheiro para pagar seus investidores.

3 – Risco de Mercado

Sobrou apenas o Risco de Mercado, que é o risco de perder dinheiro no seu investimento por conta da oscilação de mercado.

Vamos pensar no seguinte, o Tesouro Selic é indexado a Selic. Ou seja, um título Pós-Fixado que acompanha a taxa Selic.

Muito provavelmente isso não vá acontecer – não tão cedo – mas imagine a nossa querida taxa de juros chegando a 0%.

Qual seria o rendimento do nosso título nesse caso? Zero também. “Mas Bruno, como eu teria rentabilidade em algum investimento nesse caso?” Nesse caso, o nosso país estaria tão desenvolvido que investimentos Pós Fixados seriam totalmente dispensáveis.

Em um ambiente como esse, a Renda Variável seria a melhor opção sem dúvidas. O Brasil estaria tão desenvolvido que a única forma de investirmos em renda fixa, sem ser em um prefixado, seria investindo no exterior.

Mas esse é um cenário bem surreal para nós agora. Portanto, pode investir tranquilamente se for sua vontade.

Quais são as Taxas e Tributos relacionados a esse Título Público?

Existem basicamente 4 gastos que são relacionados ao Tesouro Selic, mas nem todos são obrigatoriamente cobrados. Olha só:

  • IOF: o Imposto sobre Operações Financeiras é uma contribuição obrigatória, mas somente no caso de resgate do investimento nos primeiros 29 dias. A parir do início do segundo mês, qualquer resgate será isento desse imposto.
  • IR: o famoso Imposto de Renda é tributado a qualquer momento que for feito o resgate do seu investimento. Sua tributação é feita apenas sobre o valor rentabilizado, não no montante incluindo o valor da aplicação. Ele segue a tabela regressiva de tributação, sendo até 180 dias (6 meses) uma Alíquota de 22,5%; de 181 a 360 dias (6 meses a 1 ano) uma Alíquota de 20%; de 361 a 720 dias (1 ano a 2 anos) uma Alíquota de 17,5%; e acima de 720 dias (mais de 2 anos) uma Alíquota de no máximo 15%.
  • Taxa de Custódia: essa taxa é cobrada obrigatoriamente pela CBLC – Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia – que é um departamento da B3, sendo a custodiante de todos os títulos públicos do Brasil. Essa taxa é destinada para a guarda dos títulos, a manutenção do sistema do Tesouro Direto e o envio de extratos mensais aos investidores.
  • Taxa de Administração: essa taxa pode ser cobrada pelas instituições financeiras e corretoras responsáveis pela transferência de valores e títulos, agindo como intermediário entre a plataforma do Tesouro Direto e o investidor. Além disso, é a responsabilidade dessas instituições o recolhimento do Imposto de Renda e a verificação da veracidade das informações cadastradas pelo investidor. Várias instituições não cobram mais essa taxa, porém algumas outras ainda cobram entre 0,1 e 2% ao ano (sendo muito desvantajoso dessa maneira).
  • Isenção de Taxa: uma nova regra da B3 e do Tesouro Nacional determinou que até 10 mil reais de investimentos no Tesouro Selic estão isentos da taxa de custódia da B3 de 0,25% ao ano, a taxa só é cobrada para valores acima desse limite. Agora, o seu título rende o equivalente a um CDB de 100% do CDI!

Qual é a melhor forma de utilização desse investimento?

A Reserva de Emergência é algo fundamental na vida de todos, por mais que nem todo mundo faça isso ou saiba do que se trata. Então, caso você ainda não tenha visto a minha aula explicando isso, veja agora:

Estou citando o Tesouro Selic como uma ótima opção para uma Reserva de Emergência por causa do seu baixo custo, mas não é só isso!

Esse título também tem liquidez diária, boa rentabilidade, baixa burocracia e o menor risco entre os investimentos, tudo em um só, o que é muito bom. Apesar de não ser a única opção quando o assunto é reserva de emergência.

Agora você já pode se preparar para qualquer imprevisto com o Tesouro Selic e, se gostou dessa dica, compartilhe com a sua família!

Atualizado em

Por: Bruno Papi

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