Como analisar um IPO? Saiba os 5 Passos para Lucrar com IPO

Atualmente, estamos numa crise financeira, após sair de um ciclo de crescimento econômico. Na economia real o ciclo de crescimento econômico iniciou-se em 2017, quando o PIB passou a crescer depois de 2 anos de recuo.

O mercado financeiro costuma se antecipar à economia real, sendo assim, na bolsa de valores esse ciclo se iniciou em 2016, com o impeachment da ex-presidente Dilma. Essa recuperação gerou uma onda de otimismo e inevitavelmente iniciou uma série de IPOs (Oferta Pública Inicial de Ações).

Para 2022, existe a previsão de cerca de dezenas de IPOs, mas será que eles serão bons? Como saber se é ou não uma boa investir em uma empresa que realizará IPO? Vamos esclarecer todas essas questões ao longo desse texto. Ao final você saberá como avaliar um IPO e saberá estratégias que podem te ajudar a aumentar os seus retornos.

O que é IPO?

IPO é um processo de lançamento das ações de uma empresa no mercado. Ou seja, é a primeira vez que os proprietários da empresa renunciam de parte dessa propriedade e passam a vender ações, pequenas partes da empresa, para os acionistas em geral.

É comum as pessoas substituírem IPO por “abertura de capital na Bolsa de Valores”.

Para saber tudo sobre IPO, clique aqui.

Frequentemente investidores com pouca experiência no mercado financeiro se sentem atraídos por investir em IPOs visando a possibilidade de lucros rápidos. Mas, será que vale mesmo a pena? Você verá agora alguns tópicos a serem avaliados antes de participar da abertura de capital de alguma empresa.

1. Entenda o real motivo da empresa estar abrindo seu capital

Em momentos de recuperação econômica muitas empresas resolvem abrir capital, mas nem todas estão preparadas para isso. Ela pode realizar o IPO apenas para aproveitar o bom momento do mercado, mas não ter de fato estrutura adequada para isso.

Sendo assim, entender o motivo que levou a empresa a realizar o IPO de suas ações é muito importante.

2. Analise o momento econômico

Outro ponto importante a ser analisado é a perspectiva do mercado como um todo. Além disso, é necessário entender o setor de atuação da empresa que está fazendo IPO, analisando sua sensibilidade às oscilações econômicas, o estágio de maturidade, a regulamentação que rege o setor e as barreiras de entradas.

A ideia é conhecer a empresa, o segmento em que ela está, o ambiente, com o intuito de definir se ela será rentável no longo prazo e interessante para investimento.

3. Avalie o histórico da empresa

Todas as empresas são obrigadas a emitirem um prospecto antes de realizar o IPO. Esse documento conterá o histórico das demonstrações contábeis dos últimos anos. É importante verificar se os dados são consistentes.

Se no prospecto da empresa é possível encontrar dados de cerca de 3 a 5 anos isso auxilia na tomada de decisões, uma vez que o investidor terá mais informações a respeito da organização e poderá fazer uma análise mais profunda.

No entanto, caso a empresa coloque informações de apenas 1 ou 2 anos as análises serão mais superficiais. Logo, dê preferência àquelas que apresentam consistência em um período maior de tempo.

De qualquer forma, mesmo se a empresa disponibilizar seus demonstrativos financeiros de um curto período de tempo, compare-os com as principais empresas do mesmo setor e veja se ela possui vantagem competitiva frente seus concorrentes.

4. Faça uma análise fundamentalista

Não é toda oferta pública que é boa. Uma grande parte é supervalorizada e quantificar se elas estão avaliadas de forma adequada é um grande desafio.

Para fazer isso será necessário realizar uma análise fundamentalista da empresa.

Verifique a estrutura de capital da empresa, o nível de endividamento, de rentabilidade e de lucratividade. Veja se ela está em um patamar adequado para o setor em que atua, comparando seus dados com as outras empresas do setor.

5. Saiba o que o mercado está falando sobre a empresa

Uma série de casas de research através de seus analistas emitem relatórios sobre as empresas que realizarão IPO. Através desses relatórios é possível encontrar a opinião de especialistas sobre as empresas e sobre o IPO em si.

É importante que você leia relatórios de mais de um analista para que veja os pontos que eles concordam e discordam em relação ao IPO e assim saiba tirar suas próprias conclusões.

Suno Research, Nord Research, Inversa e Eleven são alguns exemplos de casas de análise muito conhecidas no Brasil.

É possível encontrar a maior parte das informações necessárias para avaliar um IPO no prospecto que as empresas emitem. Não deixe de lê-lo para conseguir, fazer uma avaliação mais completo do IPO.

Além disso, lembre-se que ao comprar ações, mesmo que seja de uma empresa que está abrindo seu capital, você passa a ter uma participação nela. Por isso, considere estudar ações de empresas de setores que você goste, considera rentável e com boas perspectivas.

Histórico de IPOs no Brasil

Agora você já sabe os pontos a serem levados em consideração na análise de um IPO. Mas queremos te dar ainda mais informações! Mostraremos um estudo feito pela WeInvest dos resultados dos IPOs realizados entre os anos de 2004 e 2015 no Brasil.

A tabela abaixo mostra a quantidade de IPOs por ano e a rentabilidade média obtida ao comprar a ação em sua emissão e vendê-la no primeiro dia de negociação.


Dos 152 IPOs do período, a média obtida foi de 4,28% de retorno por operação, contra 0,07% do Ibovespa.

Vamos observar essa outra tabela, que divide o período em dois. De 2004 a 2008, que foi um período de forte crescimento da bolsa e da economia brasileira de forma geral, a média de retorno foi de 5,48%, enquanto nos anos seguintes à crise de 2008 os retornos foram bem inferiores, de 1,24%.


Os dados que mostramos até agora são obtidos caso o investidor venda suas ações no primeiro dia, mas e se ele decidir segurar por mais tempo, será que ainda assim vale a pena?

Considerando o retorno ao segurar o papel por 1 ano chegamos a resultados que não são nada satisfatórios. A média de retorno dos IPOs realizados entre 2004 e 2008 foi de 2,60%, bem inferior ao desempenho do Ibovespa de 17,91%.

E se pensarmos em manter os papeis por mais tempo? Por 3 ou 5 anos, será que passaria a apresentar bons resultados?

Para descobrir isso vamos analisar a tabela abaixo.


Vimos que por 3 anos o retorno continuou a ser menor do que do Ibovespa, entretanto, não é tão menor como no caso de segurar os papeis por apenas 1 ano. Mas, ao segurar por mais tempo, 5 anos, percebemos que o retorno volta a superar o índice.

Lembrando que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura e que nada do que estamos explicando aqui é uma recomendação de investimentos, apenas mostrando um estudo sobre o histórico de IPOs no Brasil.

Qual a conclusão sobre os IPOs no Brasil?

O estudo que mostramos concluiu que, em média, os retornos obtidos ao comprar uma ação na emissão e vendê-la no primeiro dia são superiores ao Ibovespa. Ao segurar os papeis por um período médio de tempo (até 3 anos) eles não costumam ser bons, mas no longo prazo a situação muda e os retornos passam a ser atrativos novamente.

Prepare-se para a próxima oportunidade

Agora você já tem, além dos passos a serem levados em consideração para analisar um IPO, dados reais de rentabilidade obtida pelas ações de empresas que abriram seu capital entre 2004 e 2015. Você já é capaz de identificar quando um IPO pode ser uma boa oportunidade.

Atualizado em

Por: Bruno Papi

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