Fintech: entenda o que é e como pode ajudar o seu bolso

A indústria financeira nunca mais foi a mesma desde o surgimento das fintechs. Com a proposta de oferecer produtos e serviços mais baratos e menos burocráticos, essas empresas conquistaram espaço em um mercado tradicionalmente dominado pelos grandes bancos.

As fintechs surgiram para facilitar o dia a dia de seus clientes. Elas oferecem soluções financeiras que vão desde o pagamento online de boletos até solicitações de empréstimos. E o melhor: tudo isso sem sair de casa, sem filas de banco, sem trânsito, com taxas mais baixas, com um serviço altamente eficiente e, ainda, com uma experiência de atendimento diferenciada.

Esse cenário parece impossível, mas já existe e resume o que é uma fintech. Confira, a seguir, tudo sobre esse assunto.

Afinal, o que é uma fintech?

Fintechs são empresas que provocam inovações no mercado financeiro, escalando produtos e serviços com a ajuda da tecnologia. Elas possuem custos operacionais muito mais baixos que os de bancos tradicionais, o que é possível porque utilizam tecnologias que elevam a eficiência dos processos.

O significado da expressão “fintech” é o resultado da junção entre as palavras financial e technology (tecnologia financeira). A palavra se popularizou a partir de 2015, quando as regulações internacionais começaram a favorecer a competitividade nesse mercado.

Assim, quando se fala em fintech, estamos nos referindo a empresas que oferecem serviços financeiros mais baratos. Além disso, também proporcionam uma experiência de excelência.

Esse modelo de negócio pode estar presente em qualquer área do setor: empréstimos, pagamento, seguros, investimentos, gestão financeira, funding, entre outros. Em geral, são startups com modelos inovadores e que querem revolucionar o mercado financeiro.

Qual a diferença entre banco e fintech?

As fintechs brasileiras têm estrutura e expertise para atuar nos mais variados segmentos do mercado financeiro. Diferente dos bancos tradicionais, que oferecem produtos e serviços financeiros variados e padronizados, essas empresas se especializam em nichos de mercado, concentrando seus esforços em áreas específicas.

Isso é muito positivo, pois o consumidor pode contar com profissionais especializados no produto ou serviço que precisa. Além disso, por não possuírem agências físicas e terem mais eficiência nas operações, com o processo de contratação dos produtos totalmente online, elas conseguem oferecer preços mais competitivos em relação aos oferecidos pela indústria financeira tradicional.

Em resumo, as principais diferenças entre banco e fintech são o porte, o foco e as ferramentas. Com uma estrutura mais enxuta, processos digitais e atendimento diferenciado, a fintech é capaz de oferecer um serviço ou produto mais barato e de forma mais eficiente que o banco, com menos burocracia. Vale a pena conferir na hora de buscar por serviços financeiros.

Comparativo entre as taxas dos serviços financeiros oferecidos por bancos e fintechs

Existem diferentes modalidades de crédito no mercado e cada uma atende a necessidades específicas. No entanto, algumas opções são pouco recomendadas. Para se ter uma ideia, as taxas do empréstimo pessoal, cheque especial e rotativo do cartão de crédito estão entre as mais altas do mercado e chegam a ultrapassar três dígitos ao ano.

Por outro lado, modalidades como o empréstimo com garantia e o empréstimo consignado possuem taxas muito mais atrativas. Isso acontece porque essas modalidades apresentam menor risco de inadimplência. Dessa forma, as empresas que as oferecem podem reduzir as taxas de juros.

Aliás, essa regra é válida para qualquer instituição financeira. Para efeito de comparação, veja o valor médio das principais taxas de juros, segundo dados divulgados pelo Banco Central em 2021:

Modalidade de crédito Taxa de juros ao ano
Cheque especial 318,7%
Rotativo do cartão de crédito 300,3%
Parcelamento do cartão de crédito 175,2%
Crédito pessoal 119,5%
Crédito consignado 22,5%
Empréstimo com garantia de veículo 17,88%
Empréstimo com garantia de imóvel 11,88%

Principais diferenciais das fintechs

No Brasil, o mercado financeiro é muito centralizado. Em 2016, os quatro maiores bancos, Itaú-Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, concentravam 79% das operações de crédito no país. Além disso, acumulavam 78,5% dos depósitos.

Ainda que seja difícil de incomodar os grandes conglomerados bancários em volume de operações, é possível oferecer mais opções aos consumidores. Veja alguns diferenciais das fintechs:

  • Menores taxas de juros: processos otimizados e automatizados também possibilitam a redução de custos de produtos e serviços;
  • Redução de burocracia e mais agilidade: a automatização dos processos proporciona desburocratização e agilidade nas operações. Hoje é possível abrir contas bancárias e solicitar empréstimos de forma totalmente online, em poucos minutos;
  • Serviços melhores e mais especializados: elas são especializadas em nichos específicos e atuam ativamente na qualidade desses serviços. Ao ofertar menos produtos e soluções, cada fintech se torna especialista em determinado produto e, consequentemente, entrega ao cliente final um serviço de mais qualidade;
  • Tecnologia a serviço do usuário: essas empresas nascem digitais e têm a tecnologia em seu DNA. Elas utilizam os recursos tecnológicos em prol da praticidade e qualidade. Dessa forma, é possível resolver tudo - ou quase tudo - online e com a segurança de dados garantida;
  • Melhor experiência do consumidor: as fintechs estão preparadas para atender os mais variados públicos. Não é necessário ter certa familiaridade com tecnologia para aproveitar essas vantagens. Isso porque uma de suas principais características é o cuidado em melhorar a experiência do consumidor, incluindo os que não são nativos digitais;
  • Estímulo à concorrência: elas impulsionam os concorrentes a melhorar a qualidade dos serviços.

Fintechs são seguras?

As fintechs sobrevivem com investimentos de grandes empresas e organizações sérias. Para conseguir esses recursos, passam por diversas avaliações, principalmente a respeito do risco do negócio.

Essas empresas investem muito em tecnologia, por isso, criam soluções seguras que impedem falhas de proteção. No entanto, antes de fazer negócio com qualquer organização, é essencial confirmar os dados e buscar a credibilidade dessa instituição.

Além disso, por se tratar de um setor que tem o dinheiro como mercadoria principal, os golpes e fraudes são bastante comuns. Sendo assim, certifique-se de que trata de uma empresa correta antes de compartilhar dados bancários ou fazer uma transação financeira.

O que diz a regulamentação para fintechs?

Em 2018, o Conselho Monetário Nacional (CMN) do Banco Central aprovou resoluções normativas que regulamentam as operações das fintechs brasileiras. Até então, elas precisavam fechar parcerias com bancos para mediar suas operações.

Nesse sentido, a norma permite que essas organizações atuem como Sociedade de Crédito Direto (SCD) e Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP), com a possibilidade de eliminar os intermediários. Isso significa que essas empresas podem oferecer serviços financeiros com seus próprios recursos.

Por outro lado, as fintechs de crédito, por exemplo, atuam como correspondentes bancários e seguem a Resolução nº 3.954, de 24 de fevereiro de 2011 do Banco Central.

Fintechs brasileiras

O ecossistema do mercado de fintechs no Brasil está em crescimento desde 2013 e já conta com mais de 550 instituições nesse setor. De acordo com o estudo Fintech Mining Report 2019, feito pela consultoria Distrito. Além disso, o Brasil já ocupa a primeira posição em número de fintechs na América Latina.

O investimento no setor atingiu a representativa quantia de 112 bilhões de dólares no ano de 2018, o que representa um aumento significativo ante 51 bilhões de dólares de 2017, segundo informações divulgadas em relatório da KPMG.

Além disso, em 2018 as fintechs brasileiras conseguiram movimentar mais de 1,48 bilhão de reais de investimentos. Os dados são do relatório Conexão Fintech e revelam que esse mercado está em franca evolução no Brasil. O setor se tornou referência na América Latina e caminha a passos largos para competir com capitais onde a cultura de fintechs já se consolidou, como Londres, Chicago, Nova York e Hong Kong.

Com o aquecimento do setor, a tendência é o surgimento de novas empresas, atuando de formas cada vez mais especializadas e sem a necessidade de intermediação de instituições financeiras.

Seja para contratar uma conta livre de taxas ou solicitar um empréstimo com juros baixos, essas empresas conquistam cada vez mais consumidores por sua proposta moderna de oferta de produtos. O mercado de fintech no Brasil está, portanto, em franco crescimento.

Confira abaixo algumas das fintechs brasileiras mais conhecidas, categorizadas de acordo com seus respectivos segmentos.

Fintechs de empréstimo e serviços financeiros

As fintechs vêm conquistando cada vez mais clientes pela praticidade e facilidades. Praticamente todo o processo, desde a solicitação e análise de crédito até a formalização e recebimento do dinheiro é feito por plataformas digitais.

Se a evolução do modo como o empréstimo online é oferecido é bom para o cidadão, consequentemente também é para o setor financeiro como um todo. A diminuição da inadimplência, melhora do serviço e queda dos juros são os principais pontos positivos.

Existem diferentes tipos de fintechs de empréstimo: fintech de empréstimo pessoal, fintech de empréstimo consignado e fintech de empréstimo com garantia, por exemplo. Considerando que as fintechs de crédito oferecem taxas menores que as praticadas pelo mercado tradicional, elas podem ser uma boa saída em um processo de troca de uma dívida mais cara por uma mais barata.

Para saber mais e tomar a melhor decisão na hora de adquirir um imóvel financiado, aqui você confere um comparativo completo sobre qual banco tem a menor taxa de juros para financiamento imobiliário.

Creditas

Um dos destaques nesse setor é a Creditas, principal plataforma online de crédito com garantia do Brasil. A empresa nasceu com a missão de derrubar os juros no Brasil e se consolidou como uma plataforma digital especializada em empréstimos com garantia, modalidade pouco explorada no país.

Como a possibilidade de inadimplência é baixa, uma vez que o usuário deixa um bem ou o salário como garantia, a empresa consegue operar com taxas mais vantajosas em relação a outras linhas de crédito.

Exemplo disso é o fato de a Creditas oferecer taxas a partir 0,84% ao mês. Elas variam de acordo com o tipo de empréstimo (empréstimo com garantia em veículos, empréstimos com garantia de imóvel e empréstimo consignado) e também de acordo com o perfil do cliente.

O valor mínimo de solicitação é de 30 mil reais para empréstimos com garantia em imóvel e de 5 mil reais para empréstimos com veículos como garantia. Para o empréstimo consignado o valor mínimo para contratação é de R$ 1 mil.

Geru

Além da Creditas, há também a Geru, fintech lançada em 2015. A empresa é uma plataforma de empréstimos online sem garantia. As taxas da empresa podem variar entre 2% e 9,5%, de acordo com o perfil e score do cliente.

Lendico

A Lendico é outro exemplo de fintech de empréstimo pessoal. Ela opera desde 2015 e é correspondente dos bancos BMG, CBSS e Portocred. A plataforma oferece empréstimos pessoais de R$ 1 mil a R$ 50 mil, com parcelamento em até 36 vezes, de acordo com a análise de crédito. As taxas de juros partem de 2.97% ao mês.

Rebel

A Rebel é uma plataforma online de empréstimo pessoal sem garantias. No entanto, para garantir o crédito é necessário não estar com o CPF negativado e ter renda mensal comprovada. O valor mínimo de solicitação de crédito é de R$ 1 mil e máximo de R$ 25 mil. As taxas de juros partem de 2,9% ao mês e são definidas de acordo com perfil de crédito de cada cliente.

Nubank

O Nubank oferece diversos serviços financeiros e arrecadou mais de R$ 600 milhões até o fim de 2016 em cinco rodadas de investimentos. O cartão de crédito é um dos destaques da empresa por conta da ausência de anuidade e das taxas mais baixas do que o padrão.

GuiaBolso

Em termos de gestão financeira, o GuiaBolso é o maior destaque. Em maio de 2016, a startup recebeu um aporte de R$ 60 milhões, em uma rodada de investimentos composta por gigantes do setor.

Hoje, o aplicativo já conta com mais de 3 milhões de usuários, bem como é referência na gestão de finanças pessoais. Além disso, é possível parear o o aplicativo à conta bancária para acompanhar o controle de gastos e, assim, facilitar o planejamento financeiro.

Fintechs de meios de pagamento

As fintechs de meios de pagamento oferecem produtos e serviços que otimizam a experiência de compra e venda. Existem fintechs, por exemplo, que vendem máquinas de cartão sem cobrar taxas de aluguel. O objetivo dessas empresas é otimizar o fluxo de pagamentos para todas as partes envolvidas no negócio.

SumUp

A SumUp, por exemplo, é uma fintech alemã que atua no setor de pagamentos móveis. Desembarcou no Brasil em 2013 e diariamente inclui 4 mil novos clientes à sua base. A missão da empresa é apoiar principalmente os pequenos negócios, oferecendo soluções de pagamento acessíveis para seus clientes.

Vindi

A Vindi é especializada em gestão e recebimento de pagamentos. Além disso, conta com uma plataforma em nuvem para facilitar o monitoramento de cobranças, vendas e faturas. E mais: foi eleita pela Endeavor como “uma das ferramentas essenciais para o mercado financeiro”.

PagSeguro

A PagSeguro ficou conhecida pela “moderninha”, a máquina de cartões da empresa. Porém, a fintech é uma plataforma completa de pagamentos que atende vendas online e offline.

Fintechs de investimentos

Existem diversas maneiras de aplicar seu dinheiro e isso é mais simples do que você pode imaginar. As fintechs desse segmento utilizam tecnologia para criar mecanismos de busca, bem como algoritmos para mapear opções interessantes ao consumidor.

Renda Fixa

O aplicativo Renda Fixa opera como uma espécie de buscador de investimentos em 36 organizações financeiras, além de oferecer também consultorias para investimentos. Esse processo é um diferencial e torna a jornada do investidor mais prática e acessível.

Hurst Capital

A Hurst Capital é uma fintech inovadora que facilitou o acesso aos investidores comuns a diversos investimentos alternativos com alta rentabilidade, como os ativos reais, CCBs, precatórios, royalties musicais e crowdfundings imobiliários. Atualmente, a Hurst é a maior fintech deste segmento da América Latina.

Vérios

A Vérios atua com foco em fazer a ponte entre o cliente que deseja investir e o pacote mais adequado a ele. A fintech traça um perfil do usuário e, a partir do valor pretendido, sugere uma carteira.

Magnetis

A Magnetis é uma administradora de investimentos que utiliza inteligência artificial para alocar os recursos dos usuários. Ou seja, a carteira de investimentos é criada de acordo com o perfil e objetivos de cada um dos clientes.

Fintechs para blockchain e criptomoedas

O assunto de criptomoedas ganhou os noticiários econômicos por sua rentabilidade. O bitcoin é a primeira criptomoeda e já funciona há oito anos. A moeda segue o protocolo público criado por Satoshi Nakamoto. Na prática, isso significa que sua transação ocorre por meio de um código aberto e autorregulável.

PandaPay

O PandaPay oferece uma plataforma completa de pagamentos em bitcoins e criptomoedas. Além disso, é a única do país que tem sua carteira protegida com a tecnologia Blockchain do Brasil. Isso proporciona mais segurança em todas as transações.

Foxbit

A Foxbit é uma plataforma permite comprar e gerenciar criptomoedas como bitcoin, litecoin, ether e trueUSD. O objetivo da empresa é viabilizar a conquista da liberdade financeira de seus clientes por meio das moedas virtuais.

Z.ro

A fintech Z.ro., pertencente ao Grupo B&T, facilita o uso de criptomoedas para pagamentos em geral e oferece soluções como pagamentos em QR Code, plataforma de gestão de moedas, envio de dinheiro por meio de mensagens e cartão internacional.

Fintechs de seguros

Contratar um seguro sempre foi um procedimento burocrático e lento, podendo levar dias para ser concluído. Com o surgimento de fintechs no setor, também conhecidas como insurtechs, esse processo se tornou mais simples e barato.

Minuto Seguros

A Minuto Seguros, criada em 2001, é reconhecida como a primeira a trazer o seguro para o digital. Além disso, ela oferece uma experiência completa de contratação de seguros, bem como preza pela agilidade e eficiência do processo.

Youse

A Youse é uma plataforma de venda de seguros online pertence à Caixa Seguradora e oferece seguros de automóveis, imóveis e de vida. Toda a contratação pode ser feita em poucos passos por meio do aplicativo da empresa.

Kakau

A seguradora Kakau usa a inteligência artificial para mapear os pacotes de seguro mais indicados ao perfil do usuário. Ela também conta com recursos de Big Data para otimizar a experiência de seus clientes.

Como vimos, as fintechs têm o importante papel de estimular a concorrência no setor, impulsionando condições melhores e produtos adequados à realidade brasileira. No fim, quem sai ganhando é o consumidor.

O que achou sobre o que é uma fintech e os benefícios que esse modelo de negócios traz para o mercado financeiro? Compartilhe com os seus amigos através dos botões abaixo.

Atualizado em

Por: Bruno Papi

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