Por conta das crises econômicas ou mesmo de histórias contadas por parentes mais antigos, muitos brasileiros pensam em comprar ouro como investimento. Se você for um deles, então leia este artigo para entender tudo sobre o investimento em ouro.
Em 2020, o ouro alcançou o valor recorde de US$2.073 por onça, devido a alta demanda de investidores pelo metal no mundo inteiro.
Mas não é de hoje que investir em ouro virou opção para os investidores. Na verdade, desde 2001 o ouro acumula uma alta de cerca de 600%. Em 2011, enquanto o Ibovespa perdia 18,1%, o ouro registrou uma alta de 4,21%.
Com essa enorme valorização recente, causada pela pandemia iniciada em 2020, muitas pessoas voltaram os olhos para esse tipo de ativo.
Portanto, neste artigo, vamos explicar se você deve considerá-lo como alternativa na sua carteira de investimentos, como investir em ouro e as principais características desse investimento para tomar a sua decisão com segurança. Vamos lá!
1. O ouro como investimento
O ouro é considerado um dos ativos financeiros mais seguros da economia mundial.
Além de ser um ativo físico, esse metal precioso também foi responsável por lastrear a reserva monetária de inúmeras economias ao redor do globo, tendo seu valor e demanda sempre garantidos.
Em função disso, o ouro é considerado uma reserva de valor e um porto seguro em tempos de crise e instabilidade financeira.
No caso de descrença nos mercados acionários e de títulos de dívida de um governo, o ouro é uma proteção contra a desvalorização que os outros ativos podem sofrer.
Da mesma forma, o dólar também costuma ter esta função de reserva de valor.
No entanto, como também está sujeito a crises, o ouro acaba sempre sendo a reserva de última instância. Foi o que ocorreu na crise americana iniciada em 2008, quando o preço do ouro registrou forte valorização.
Por esses e outros fatores, o ouro atingiu uma rentabilidade muito alta nos últimos anos, como vemos no gráfico a seguir:
Gráfico de 20 anos do Ouro em Real (R$). Fonte: Goldprice.org
2. Riscos de investir em ouro
Antes de tudo, não se engane!
Apesar de ser um porto seguro em momentos de crise, investir em ouro de forma especulativa não é sinônimo de segurança nem rentabilidade.
Muito pelo contrário: o valor do ouro muda a cada minuto e é extremamente volátil por conta de sua alta liquidez no mercado secundário.
Além disso, os fatores que afetam a cotação do ouro são bastante diversos, para citar alguns, como exemplo:
- Política monetária dos inúmeros países ao redor do mundo;
- Oferta e demanda de investidores individuais nas bolsas do mundo;
- Fluxos de importação e exportação do metal entre países;
- Períodos de sazonalidade durante o ano;
- Fatores naturais que possam afetar a extração do ouro.
Para investimentos de curto prazo
É necessário muito conhecimento por parte do investidor, além de acompanhamento diário do mercado e das cotações do ativo.
Por isso, para o investidor individual que tem um conhecimento mediano do mercado financeiro indicamos optar por outros investimentos de mais fácil controle, como ações de grandes companhias ou títulos de dívida pública.
Para investimentos de longo prazo
O aconselhado para investir em ouro a longo prazo é planejar um investimento a fim de proteger seu capital de flutuações bruscas da economia.
Além disso, se possível, comprá-lo em momentos de relativa estabilidade econômica, quando a demanda é menor e o preço tende a estar mais baixo.
Agora que já sabemos os riscos, vamos para as respostas das suas perguntas: Quando investir em ouro? Qual o processo e os custos para se investir em ouro?
3. Como investir em ouro?
Para iniciar seu investimento em ouro, o primeiro passo é escolher a maneira como quer investir.
Existem maneiras diretas e indiretas de investir no ouro. Os mais comuns e aconselháveis são: Contratos Futuros, fundos de investimento e o ouro físico em barras.
Falaremos sobre outras formas, no entanto desaconselhamos o uso delas como investimento e explicaremos o porquê.
Contratos futuros na B3
Caso sua escolha seja esta, o próximo passo é buscar uma instituição financeira cadastrada na B3, pode ser uma Corretora de Valores ou seu próprio banco (veja aqui todas as Corretoras de Valores da B3).
Assim, negociam-se contratos fracionários de 0,225g até 10 g ou os contratos cheios, de 250g.
Por este sistema, além de obter maior liquidez para compra e venda, o investidor só paga a taxa de corretagem pela negociação. A custódia fica por conta da corretora.
Nesse tipo de negociação o investimento em ouro se assemelha ao investimento em renda variável e, assim como a tributação do imposto de renda em ações, é isento de imposto de renda para investimentos menores que R$20.000,00.
Além disso, podem também ser exploradas outras formas de negociação como: compras e vendas à termos e opções de compra de ouro, oferecendo flexibilidade ao investidor, que pode criar estratégias de como investir em ouro.
Esta modalidade é recomendada para investidores que pretendem investir no curto e médio prazo, de maneira especulativa sobre o valor da moeda.
No entanto, é recomendado que o investidor já tenha alguma experiência neste mercado antes de realizar este investimento.
Ouro físico (barras de ouro)
Para comprar ouro em barras o processo é um pouco mais complicado: é preciso buscar uma instituição financeira que comercialize o produto, fazer o cadastro e comprovar a sua renda nas compras acima de R$10.000,00.
Além disso, é preciso encontrar um banco custodiante para guardar seu ouro e pagar uma taxa de custódia mensal sobre o volume financeiro mantido, que pode variar de 0,07% a 0,15%.
Outra opção para a compra física é negociar diretamente com uma distribuidora do metal, como a Ourominas e a Marsam, e manter a custódia em casa.
Nesse caso, as distribuidoras geralmente cobram uma taxa de 1% sobre o valor negociado.
Entretanto, cabe destacar que assim o risco de perda do ativo é maior, dado que não estaria mantido dentro de uma instituição financeira que detém segurança e seguro para os ativos em custódia.
Além disso, outra desvantagem desta forma de investimento é a menor liquidez na hora da venda, sendo mais difícil encontrar uma contraparte disposta a comprar pelo preço de mercado.
Fundos de investimento em ouro
Esta é com certeza a opção mais acessível para a maioria dos investidores, uma vez que você não precisa se preocupar com a burocracia de comprar o ouro em espécie e nem com os meandros do mercado futuro.
Afinal, com fundos de investimento em ouro, o fundo terceiriza a gestão deste ativo a um gestor profissional.
O fundo pode tanto ser passivo, que compra o ouro e simplesmente sofre as variações no preço.
Ou ativo, que compra e vende ouro de acordo com o momento de mercado, buscando rentabilidades maiores.
Exemplos de fundos que realizam este investimento e ouro são:
Caixa FI Ouro Multimercado LP: investimento mínimo de R$100,00. Taxa de administração: 0,80% ao ano.
Órama Ouro FIM: investimento mínimo de R$ 0,01. Taxa de administração: 0,60% ao ano.
4. Mais formas de comprar ouro
Outros meios menos populares de comprar ouro são através da aquisição de joias e pelo mercado informal.
Porém, elas não são recomendadas como forma de investimentos. Em seguida, veremos o motivo.
Compra de Joias em Ouro
Pode se configurar como um investimento. Afinal, seu preço subirá atrelado à cotação do ouro.
No entanto, deve-se lembrar que existe um custo de manutenção da joia.
Além disso, o trabalho do joalheiro e a marca da joia, pagos na compra, poderão não ser repassados no momento de venda.
As negociações com este tipo de mercadoria são feitas por operações de penhor que, hoje em dia, são centralizadas pela Caixa Econômica Federal no Brasil.
Mercado Informal de Ouro
É representado pelos vendedores ambulantes de ouro que representam certas casas de negociação.
Embora o custo de negociação seja menor nestes casos, é extremamente desaconselhável comprar ouro desse modo.
Isso porque o produto pode ter sido adulterado, não há garantia de liquidez em caso de revenda, não há registros de procedência legal deste ouro e muitos lugares atuam de maneira clandestina.
5. Quando investir em ouro?
Vale lembrar que a cotação do ouro no Brasil costuma seguir a dos contratos negociados em Nova York (COMEX) e, portanto, inclui a variação cambial na conta.
Desse modo, sempre que houver a desvalorização do dólar frente ao real, quer dizer que uma parte do ganho da valorização do ouro no Brasil será comprometida pela diferença da desvalorização cambial.
Como citado anteriormente, o preço do ouro, ao contrário de outros ativos, tende a subir em momentos de instabilidade a cair em momentos de situação econômica favorável.
Para investimentos de longo prazo para a proteção de capital, procure realizar a compra fora de momentos de crises econômicas.
Vale lembrar que o ouro é um investimento conhecido por proteger o capital, mas não em multiplicá-lo, como acontece quando investimos em boas ações para o longo prazo.
Por: Bruno Papi