O que é o Hedge nos Investimentos e como fazer?

Um hedge é um investimento feito com a intenção de reduzir o risco de movimentos adversos do preço de um ativo. Normalmente, um hedge consiste em assumir uma posição contrária ou oposta em um título relacionado.

Vantagens do Hedge

  • Hedging é uma estratégia que tenta limitar os riscos dos ativos financeiros.
  • As técnicas de hedge populares envolvem assumir posições de compensação em derivativos que correspondem a uma posição existente.
  • Outros tipos de sebes podem ser construídos por outros meios, como diversificação. Um exemplo poderia ser o investimento em ações cíclicas e anticíclicas.

Como o Hedge funciona?

O hedge é um tanto análogo a assinar uma apólice de seguro. Se você possui uma casa em uma área propensa a inundações, você desejará proteger esse bem contra o risco de inundações fazendo um seguro contra inundações. Neste exemplo, você não pode evitar uma inundação, mas pode planejar com antecedência para mitigar os perigos no caso de ocorrer uma inundação.

Há uma compensação "risco x retorno" inerente ao hedge; embora reduza o risco potencial, também diminui os ganhos potenciais. Simplificando, o hedge não é gratuito. No caso do exemplo da apólice de seguro contra inundações, os pagamentos mensais somam-se e, se a inundação nunca acontecer, o segurado não recebe nenhum pagamento. Ainda assim, a maioria das pessoas escolheria assumir essa perda previsível e restrita, em vez de perder - de repente - o teto sobre suas cabeças.

No mundo dos investimentos, o hedge funciona da mesma forma. Os investidores e gestores de dinheiro usam práticas de hedge para reduzir e controlar sua exposição a riscos. Para fazer um hedge adequado no mundo dos investimentos, é necessário usar vários instrumentos de forma estratégica para compensar o risco de movimentos adversos dos preços no mercado. A melhor maneira de fazer isso é fazer outro investimento de forma direcionada e controlada. Obviamente, os paralelos com o exemplo de seguro acima são limitados: no caso de seguro contra inundações, o segurado seria totalmente indenizado por sua perda, talvez menos uma franquia. Na área de investimentos, o hedge é mais complexo e uma ciência imperfeita.

Um hedge perfeito é aquele que elimina todos os riscos de uma posição ou carteira. Em outras palavras, o hedge é 100% inversamente correlacionado ao ativo vulnerável. Isso seria mais um mundo ideal do que uma realidade no mundo real, e mesmo o hipotético hedge perfeito tem um custo. O risco de base refere-se ao risco de que um ativo e um hedge não se movam em direções opostas conforme o esperado; "base" refere-se à discrepância.

Quem precisa fazer hedge?

O hedge é indicado para quem está exposto a riscos e gostaria de minimizar as possibilidades de perdas decorrentes deles. E nesse caso, valem riscos de naturezas diversas. Pode ser o caso de quem tem uma carteira de ações, de quem possui ou produz ativos físicos sujeitos a variações de preços ou ainda para quem tem algum nível de exposição a moedas estrangeiras.

Existem técnicas relativamente simples de hedge, então mesmo investidores que tenham experiência limitada no mercado também podem aplicar essas estratégias nas suas carteiras.

Tipos de Hedge

Embora genericamente chamada de hedge, a proteção contra perdas pode acontecer de diferentes maneiras – algumas, inclusive, sem envolver um esforço específico. Conheça abaixo alguns tipos mais comuns de hedge:

Natural

Normalmente, é identificada como hedge natural a combinação de fatores que protege contra variações de preços “naturalmente”, sem um esforço específico para que isso aconteça.

O exemplo clássico é o das empresas exportadoras. Suas receitas são em dólar, e muitas vezes parte dos seus custos pode ser também. É o caso, por exemplo, das companhias do setor agrícola. Elas vendem seus produtos no exterior e recebem em dólar por isso. Ao mesmo tempo, parte relevante dos seus insumos – fertilizantes, por exemplo – também são cotados em dólar.

Quando a moeda americana valoriza, os custos das exportadoras aumentam, o que não é bom. No entanto, ao mesmo tempo, suas receitas são beneficiadas nessa situação, o que pode compensar essas perdas – naturalmente.

Commodities

O hedge em commodities – que são produtos com alto grau de padronização, negociados em grandes mercados – costuma ser feito nos mercados futuros. Comprando e vendendo contratos futuros, os fabricantes conseguem definir um preço fixo para as mercadorias, que será pago futuramente, quando os produtos serão entregues.

Esse arranjo é bastante comum nos mercados agrícolas, por exemplo. Usando contratos futuros, um produtor de soja consegue saber por quanto negociará cada tonelada daqui a meses, quando a safra já terá sido colhida e beneficiada. Com isso, assegura o preço e garante algum nível de previsibilidade nas suas receitas.

Cambial

O hedge cambial se baseia no uso do dólar como estratégia de proteção para outros ativos ou operações. O exemplo do começo deste guia – da empresa que possui dívidas em moeda estrangeira e tenta se proteger das variações das cotações com contratos futuros – é um caso clássico. Mas há outros – e talvez você mesmo já tenha vivenciado alguns. Se já viajou para o exterior, é possível que alguém tenha orientado você a aplicar em ativos denominados em dólar para proteger o valor do dinheiro que gastaria mais tarde durante o passeio.

Existem diversas formas de realizar um hedge cambial – das mais simples às que demandam um conhecimento maior sobre o mercado. Além da negociação de contratos futuros de dólar, também é possível investir em fundos cambiais, negociar opções de dólar, comprar títulos denominados na moeda ou até mesmo a moeda em espécie.

Ações

É possível adotar estratégias para reduzir ou prevenir perdas causadas pela variação dos preços das ações na bolsa de valores. Existem algumas maneiras de fazer hedge em ações: uma delas é utilizar as opções sobre ações. Outra é utilizar contratos futuros de índices de ações, ou ainda fundos de índices (ETFs). Nesses casos, é importante é estudar o comportamento mais usual dos ativos e derivativos que você pretenda usar, em relação às ações que gostaria de proteger.

Como fazer hedge para proteger a carteira de investimentos

Conheça alternativas de investimentos e como utilizá-las para fazer hedge.

Opções

No mercado financeiro, são negociados instrumentos chamados opções, que representam um contrato que dá ao titular o direito de comprar ou de vender um determinado ativo por um certo valor em uma data específica do futuro. Assim como os contratos futuros, as opções são um tipo de derivativo, pois o seu preço deriva do valor do ativo a que ela está atrelada.

No Brasil, o mercado mais conhecido é o de opções de ações, negociadas na B3. Opções de Vale, por exemplo, são opções que têm as ações da Vale como ativos subjacentes. Mas existem vários outros tipos, como opções de moedas, de índices, entre outros.

Como possuem um preço de exercício – pelo qual o ativo subjacente poderá ser comprado ou vendido – as opções permitem “fixar” o valor do ativo-objeto, ajudando a suavizar o impacto da volatilidade das cotações. Mas como?

Pense em um investidor que tenha comprado ações de uma empresa e pretenda mantê-las na carteira por um certo tempo. Se, nesse período, o investidor prevê que pode acontecer uma desvalorização dos papéis, comprar opções de venda pode ser uma alternativa de proteção.

Imagine que as ações do investidor custavam R$ 50. Para protegê-las, comprou opções de venda com preço de exercício de R$ 49. Se, ao chegar a data do exercício, as ações estiverem cotadas a R$ 45, o investidor ainda terá o direito de vendê-las a R$ 49. Caso realmente precise se desfazer das ações, poderá fazer isso com uma perda de apenas 2%. Se tivesse de vender as ações a preços de mercado, o prejuízo chegaria a 10%.

Contratos futuros

As operações de hedge com contratos futuros também podem ser utilizadas por investidores do mercado de ações. Existem, por exemplo, futuros de Ibovespa, que são como acordos de compra ou venda em que se negocia – hoje – o valor de pontuação do Ibovespa para uma data futura.

Assim, um investidor que possua uma carteira de ações compradas no pregão à vista da bolsa de valores pode procurar se proteger negociando contratos futuros de Ibovespa – que, na prática, reflete o desempenho médio do mercado acionário brasileiro.

Se a perspectiva é de que poderá haver uma desvalorização das ações compradas à vista, é possível vender contratos (ou minicontratos) futuros de Ibovespa. Se o houver uma queda de 10% do mercado, as ações perderão valor – mas, ao mesmo tempo, a operação com contratos futuros vai gerar lucro, compensando a perda.

Há, é claro, o efeito contrário também. Se eventualmente o mercado seguir na direção contrária à imaginada e avançar 10%, as ações à vista vão valorizar, enquanto a operação com contratos futuros registrará uma perda. De toda forma, se forem realizadas de maneira estruturada, a perda será compensada também.

ETF

Também é possível realizar estratégias de hedge usando fundos de índices, os famosos ETFs (Exchange Traded Funds). Esses fundos – que replicam a composição de índices de mercado como o Ibovespa – têm as suas cotas negociadas no pregão como se fossem ações.

Quem compra um ETF de Ibovespa vai lucrar se o índice subir e perder caso recuo. Mas, para ser usado como hedge para uma carteira de ações comprada no mercado à vista, a sugestão é vender as cotas do ETF no mercado – ou “operar vendido”, como se costuma dizer. Ao fazer isso, o investidor poderá recomprá-las mais tarde, por uma cotação mais baixa, embolsando a diferença como lucro. E esse lucro é o que compensaria as eventuais perdas registradas com as ações à vista mantidas na carteira.

Conclusão

O hedge é um seguro, assim como contratar um seguro para o seu carro, você deve pensar no hedge no momento em que monta a sua estratégia de investimentos ou antecipando-se a um movimento que levaria a sua carteira para o vermelho.

Quando batemos o carro, não faz mais sentido fazer um seguro, certo? É a mesma coisa com o hedge nos investimentos.

Por isso é importante entender o que é um hedge, como funciona e quando fazer - tudo o que ensinamos neste artigo.

Caso tenha gostado de aprender mais sobre o hedge, considere compartilhar com os seus amigos e também os ajudar a conhecer esse importante instrumento de proteção na Bolsa de Valores!

Atualizado em

Por: Bruno Papi

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