Uma das maiores crenças limitantes em relação ao mundo dos investimentos é a constante possibilidade de perder dinheiro.
Por isso, muitos investidores repetem o famoso mantra de finanças: "Não coloque todos os ovos na mesma cesta". Buscando minimizar a probabilidade de ter todos os ovos quebrados caso algo aconteça com a cesta, ou seja, proteger os seus investimentos aplicando em ativos diferentes.
Obviamente, a depender do seu perfil de risco, você estará mais ou menos exposto a essa possibilidade. No mercado financeiro nunca poderemos eliminar os riscos por completo, mas é possível reduzi-los bastante com uma diversificação inteligente.
Mas você sabe qual a diferença entre diversificação e pulverização? É importante entender isso para investir do jeito certo e é o que vamos te ensinar agora!
O que é diversificação?
Diversificação de carteira seria o oposto de concentração. É definido por distribuir seu capital investido em diversos ativos, de setores, riscos e rentabilidades diferentes, de maneira a diminuir sua exposição a riscos.
Por exemplo, em uma carteira diversificada, você encontrará produtos de renda fixa (seja CDB, seja Tesouro IPCA), ações de diferentes setores (exportadoras, metalúrgicas, shoppings, aviação e tecnologia, por exemplo), fundos de investimento, exposição em dólar e ouro, e possivelmente alguma posição em investimentos internacionais.
Desta forma, é possível mitigar diversos tipos de riscos, de forma que, ainda que algum ativo se prejudique, não há um comprometimento de toda a carteira.
A teoria de Harry Markowitz, economista americano e vencedor do Nobel de Economia de 1990, ajuda a compreender um pouco da importância da diversificação de uma carteira. Segundo Markowitz, o ideal é possuir entre 15 e 20 ativos em sua carteira, para mitigar riscos de maneira substancial.
Depois do vigésimo ativo, a segurança marginal já não é tão considerável e há uma maior perda dos lucros – lembre-se, investidor: existe um trade off entre a rentabilidade e a segurança do ativo. Desta forma, quanto mais ativos você adquire, você também limita seus ganhos.
Basicamente, para diversificar uma carteira, é preciso adquirir ativos que tenham uma correção negativa. Isto é, quando um ativo sobe, geralmente, o outro tende a cair. Um exemplo clássico é correlação entre o dólar e o Ibovespa.
O que é pulverização? Como se difere de diversificação?
Na pulverização, o investidor procura possuir diferentes ativos que têm correlação positiva. Por exemplo, títulos públicos e títulos privados, ou o preço do petróleo e as ações da Petrobras.
Certamente que a pulverização te ajuda a ter uma posição mais alavancada num setor que você acredita que tende a se beneficiar do cenário econômico nos próximos anos – porém, também contém seus riscos.
Para compreender o risco da pulverização, é preciso fazer a distinção entre risco sistêmico e risco não-sistêmico:
O risco sistêmico é aquele que afeta toda a economia. É o caso de uma crise econômica, ou mesmo da própria pandemia do novo coronavírus, que afetou todos os setores – ainda que alguns se afetassem mais ou menos.
O risco não-sistêmico afeta determinados setores isoladamente. Uma crise do petróleo, por exemplo, tende a afetar ativos específicos deste setor. O risco de não-cumprimento de obrigações das debêntures, por exemplo, é outro risco não-sistêmico.
Portanto, ainda que a pulverização ajude uma carteira a passar intocada por riscos não-sistêmicos (desde que não sejam do setor que a carteira está exposta), um risco sistêmico pode afetar a carteira de maneira brutal.
Daí a recomendação de Nassim Taleb de uma carteira antifrágil: tendo ativos de diversos setores, países e riscos, você consegue proteger melhor o seu patrimônio.
É possível fazer diversificação e pulverização?
Sim! Uma maneira de concentrar renda em ativos de correlação positiva é através do fundo de fundos (FoF), que diversifica sua carteira em diferentes fundos de investimentos, entre eles multimercados, renda fixa, FIIs e FIAs. Desta forma, você tem diversificação e pulverização simultaneamente em seus investimentos.
Outra boa maneira de diversificar e pulverizar simultaneamente é tendo alguma exposição em ETFs. IVVB11, por exemplo, é um ETF com exposição no S&P500. GOLD11, é um ETF com exposição em ouro e fundos de ações correlacionadas ao setor.
Desta forma, você consegue diversificar e pulverizar simultaneamente os ativos.
Mas é bom saber que uma diversificação exagerada, ainda mais sendo pulverizada, reduz consideravalmente o retorno potencial da sua carteira. Nos investimentos, controlar muito os riscos normalmente significa travar o lucro.
Gostou desse aprender sobre diversificação e pulverização? Então, veja também nosso artigo de como investir em ações com pouco dinheiro!
Por: Bruno Papi