Falar de dívidas ainda é um grande tabu no Brasil. As pessoas conversam pouco sobre isso porque ficam com vergonha. E isso se torna um problema, pois poucas informações são trocadas e nem sempre estão corretas. Esse comportamento estimula o crescimento de mitos e prejudica quem quer sair das dívidas.
Esse assunto é bastante delicado, ainda mais se considerarmos que mais da metade das famílias estão endividadas. Exatamente por isso, hoje você vai descobrir 9 mitos e verdades que as pessoas costumam falar sobre dívidas nas rodas de conversa.
Todas as dívidas são ruins
VERDADE! Exceto se for uma empresa, sempre será ruim se endividar. Uma pessoa que cria dívidas, costuma viver uma vida que ainda não merece, gastando mais do que recebe e gerando um grande problema para o seu futuro.
Não se engane com as ideias de que existem dívidas boas, porque dívida é usar o dinheiro de outras pessoas para comprar algo para si e isso não pode ser um caminho que dá certo. Só enriquece com as dívidas aqueles que emprestam o dinheiro para você, mas você que toma a dívida será escravo dos juros e do crédito dessas pessoas. Evite ao máximo as dívidas, mas caso tenha entrado em uma, quite o quanto antes.
As empresas conseguem transformar os empréstimos em estoque, mais mão de obra, melhorias na produção e, dessa forma, aumentar o faturamento. Mas uma pessoa física (como você e eu) apenas vão gastar o dinheiro do empréstimo e precisar de mais depois, por isso é sempre ruim. O melhor é criar um planejamento financeiro para comprar à vista ou parcelado dentro do seu limite financeiro.
Dívidas são sinônimos de juros altos
VERDADE! Isso é bem comum de se ouvir e tem explicação. O Brasil tem uma das maiores taxas de juros do mundo. Até pouco tempo atrás, poucas pessoas tinham acesso ao mercado de crédito, mas agora estão disponíveis com poucos cliques num aplicativo de celular, o que é ainda mais perigoso. O brasileiro se acostumou a tomar empréstimos para manter o seu estilo de vida, uma fórmula arriscada para o seu futuro.
Geralmente, as melhores linhas de crédito são aquelas que utilizam algo como garantia da operação. Entre os bens aceitos podemos citar imóveis, veículos e até mesmo o salário. Essa linha de crédito pode ser mais barata, mas é ainda mais perigosa. Imagina não conseguir pagar uma parcela e perder a sua casa ou o seu carro? Tome cuidado ao olhar apenas os juros, porque sempre existe algum risco.
É melhor pagar uma dívida alta do que várias pequenas
VERDADE! Se você assumiu várias dívidas, provavelmente foram feitas com instituições distintas. Nesse caso, as taxas, prazos, e demais condições de pagamento serão diferentes. Adotando a ideia que tenha havido um mal planejamento para que isso ocorresse, quanto menor for o número de contas, mais fácil de se organizar.
Considere pegar um empréstimo com juros baixos e quitar todos os débitos de uma só vez. Dessa forma, você passa a se preocupar apenas com uma parcela todos os meses. E, caso haja alguma dívida com juros exorbitantes, você a elimina, impedindo que cresça ainda mais.
Não posso transferir uma dívida de um banco para outro
MITO! Essa prática é permitida pelo Banco Central e se chama portabilidade de crédito. É algo parecido com mudar de operadora de celular e continuar com o mesmo número. E não vale apenas entre bancos. Você pode pegar a sua dívida e levar para uma fintech, por exemplo.
A ideia principal dessa portabilidade é migrar os débitos para uma instituição que ofereça taxas menores. Com isso, a parcela fica menor e você vai pagar menos juros para a empresa, fazendo valer o seu dinheiro.
O banco pode vender a minha dívida
VERDADE! Caso esteja com dificuldades para receber os valores devidos, o banco pode vender a dívida para uma empresa especializada em cobrança. Muitas vezes a instituição financeira leva prejuízo com os custos operacionais para cobrar suas pendências.
Repassar a dívida para outra empresa é uma ação tomada para tentar reaver parte dos valores. A empresa de cobrança, como uma espécie de última instância, deverá fazer o que for possível para receber o pagamento. Os esforços serão maiores do que os do banco, que possui outras preocupações e outros objetivos.
Isso deve estar sob contrato. A instituição precisa colocar uma cláusula no contrato de crédito ou de financiamento apontando que existe a possibilidade de vender a dívida. Caso contrário, essa passa a ser uma operação inválida e você pode tomar medidas legais para reaver os danos desse procedimento.
Depois de cinco anos, as dívidas caducam e não tenho que pagar
MITO! Quando você deixa de cumprir com as obrigações financeiras, o credor tem o direito de inscrever o seu CPF em um cadastro negativo. Ou seja, vai sujar o seu nome. Mas após cinco anos, é obrigatório que essa inscrição seja suspensa.
Isso leva muitas pessoas a entenderem que a dívida também some. Contudo os débitos permanecem existindo até que sejam quitados. Pode ser que o credor não os cobre, pois tenha repassado à outra empresa, mas não será mais possível conseguir crédito nessa instituição.
Como existem alguns bancos no país, pode não parecer algo tão prejudicial. Porém, caso você entre em uma empresa conveniada com um banco que não foi pago por você, haverá complicações na hora de abrir uma conta por lá. Portanto, procure quitar as dívidas assim que for possível.
O cartão de crédito é o grande vilão das dívidas
VERDADE! Três entre quatro famílias que estão endividadas alegam que pelo menos uma das dívidas é de cartão de crédito. Os juros do rotativo são as maiores taxas do mercado brasileiro. E apesar das mudanças realizadas, culminando na grande queda dos índices, o cartão só é uma boa opção como linha de crédito se utilizado da forma correta.
Hoje, não é possível pagar a fatura mínima todos os meses. A partir do primeiro mês em que a pessoa está no rotativo do cartão de crédito, o banco já é obrigado a oferecer o parcelamento da dívida. Isso acontece para tentar limitar a criação dos débitos conhecidos como bolas de neve. Vão crescendo cada vez mais e chega uma hora que fica impossível de controlar.
Não devo ter um cartão de crédito
MITO! Apesar de não ser uma linha de crédito vantajosa, o cartão é um excelente meio de pagamento. No entanto, é preciso ter autocontrole para saber gerir e não se enforcar com os juros do rotativo.
Ao usar o cartão de crédito, você não percebe o dinheiro saindo da conta, mas ele se acumula até chegar a fatura no outro mês. O ideal é fazer um planejamento financeiro, até mesmo um fluxo de caixa. Anotando todos os gastos e fazendo o controle pessoal, sabendo qual será a quantia necessária para quitar a fatura integralmente no mês seguinte.
Em vez de retirar o dinheiro do patrimônio para pagar as compras, deixe-o investido, rendendo juros e trabalhando por você. Dessa forma, enquanto a conta não chega, as suas aplicações estão monetizando e aumentando os seus recursos.
Mesmo com dívidas, devo guardar uma parte do dinheiro para investir
MITO! Muitos investimentos, assim como alguns empréstimos, seguem a taxa básica da economia brasileira, a Taxa Selic. Dessa forma, dificilmente haverá uma aplicação que possua rendimentos maiores do que os juros aplicados em uma dívida. Nesse sentido, você pode perder dinheiro.
O ideal é juntar todos os esforços em quitar as dívidas com altos juros e retomar o controle da sua vida financeira. Então, com as dívidas quitadas ou bem reduzidas, de forma programada e calculada, é possível voltar a investir com o intuito de aumentar o seu patrimônio.
Em tempo, investir em ações pode render juros maiores do que os de uma linha de crédito. Porém esse é um investimento de alto risco, recomendado para quem tem disposição para aprender e aguardar o longo prazo, ou seja, quem já formou uma reserva de emergência, quer garantir uma aposentadoria tranquila e a segurança da sua família, então deve considerar aplicar no mercado de ações.
E aí, já ouviu alguma dessas frases em uma conversa? Compartilhe com os seus amigos e familiares para que eles também aprendam os mitos e verdades sobre as dívidas.
Por: Bruno Papi