Acesso a capital é um dos principais desafios de empresários e novos empreendedores. É o que mostram os Indicadores de Demanda por Crédito, levantados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), divulgado em 2019. Cerca de 34% dos micro e pequenos empresários considera difícil contratar linhas de crédito para empresas em razão do excesso de burocracia, exigências dos bancos e altas taxas de juros.
O que muitos não sabem, porém, é que além das instituições financeiras tradicionais, existem dezenas de modalidades de crédito para viabilizar desde a abertura até o impulsionamento do negócio, principalmente por contar com taxas de juros mais acessíveis e bons prazos para pagamento. Veja a seguir.
10 linhas de crédito para empresas de pequeno a grande porte
Confira abaixo as principais linhas de crédito para empresas disponíveis no mercado e avalie qual alternativa irá suprir as demandas do negócio sem impactar a sua saúde financeira. Compare:
1. Empréstimo com garantia
Como o próprio nome indica, no empréstimo com garantia o interessado apresenta um bem à instituição financeira para assegurar o pagamento das parcelas. Entre as modalidades mais comuns estão o empréstimo com garantia de veículo e o empréstimo com garantia de imóvel, também chamado de home equity.
Tendo em vista que o empresário oferece uma garantia de pagamento, as chances de inadimplência diminuem. Dessa forma, é possível oferecer juros mais baixos do que em outras modalidades de empréstimo e prazos mais longos para pagamento.
Na Creditas, uma plataforma brasileira de empréstimo com garantia, as taxas praticadas no empréstimo com garantia de automóvel começam em 1,49% ao mês. Para o home equity, os juros são a partir de 0,89% no mesmo período.
2. Financiamentos
O financiamento, diferente do empréstimo, é um crédito cedido com uma finalidade específica e definida em contrato, como a compra de um imóvel, veículo ou equipamentos. As condições do crédito variam de acordo com o agente financeiro, sendo possível financiar de 80% a 100% do bem e o prazo de pagamento pode chegar a até 60 meses.
Esse tipo de crédito pode ser contratado por empresários de grande a pequeno porte, diretamente em bancos e agentes financeiros especializados. As taxas de juros mensais variam entre 2% e 7% ao mês. Portanto, é sempre válido pesquisar e comparar as condições oferecidas antes de fechar negócio.
3. Crédito para capital de giro
Este tipo de crédito está disponível para atender diversas necessidades do fluxo de caixa das empresas, como o pagamento de salários, fornecedores e aluguel, por exemplo.
Diferentemente do financiamento, neste caso não é necessário explicar a finalidade do empréstimo no momento da solicitação. Além disso, é possível optar pelo pagamento bimestral, semestral ou integral após o fim do contrato.
No entanto, esse tipo de crédito é indicado para demandas de curto prazo, visto que o prazo médio de parcelamento costuma ser de 12 meses. É possível contratar o crédito diretamente na instituição financeira na qual a empresa possui conta corrente ou em empresas especializadas em crédito empresarial. Em todo caso, é sempre válido comparar as taxas de juros e condições ofertadas.
4. Peer to peer
O Peer to peer (P2P) é uma linha de crédito para empresas que conecta tomadores de crédito a investidores por meio de plataformas digitais. Dessa forma, é possível que investidores - que podem ser pessoas físicas ou jurídicas - emprestem dinheiro diretamente para a empresa, ou seja, a operação não depende de um agente financeiro.
A verificação do risco consiste em checar o perfil financeiro de quem tomará o empréstimo. Os investidores podem fazer a disponibilização total ou parcial do valor a ser emprestado. Isso permite o compartilhamento do risco da operação.
5. Antecipação de recebíveis
Esta modalidade de empréstimo online permite que a empresa receba os lucros de forma antecipada. O processo costuma ser menos burocrático e é utilizado por empresários que ainda não têm capital de giro.
Como esse crédito antecipa pagamentos que a empresa já vai receber, os pagamentos em questão funcionam como uma garantia, o que se reflete em juros mais baixos e em um crédito mais barato e acessível. Por outro lado, essa é uma alternativa de curto prazo, indicada para cobrir despesas mais urgentes do negócio.
Para fazer a solicitação, basta procurar um agente financeiro que oferece essa alternativa de crédito, como bancos, financeiras, factorings (empresas de fomento mercantil), fundos de investimentos em direitos creditórios (Fidc), operadoras de cartão de crédito e fintechs de crédito especializadas.
6. Cooperativas de crédito
As cooperativas de crédito oferecem produtos de crédito semelhantes a um agente financeiro comum, como cartões de crédito, financiamentos e empréstimos para capital de giro, com o objetivo de promover o desenvolvimento regional por meio do próprio interesse da comunidade.
Elas possuem isenção de tributações como CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), PIS (Programa de Integração Social) e Cofins, visto que são uma organização sem fins lucrativos, o que garante melhores condições de crédito.
Para garantir o crédito é preciso fazer parte da cooperativa e realizar a compra de uma cota, que costuma ser de aproximadamente 100 reais, bem como participar das decisões em assembleias como sócio.
7. Microcrédito
O microcrédito é uma modalidade de empréstimo para pessoa física ou microempreendedor que pretende abrir ou ampliar um negócio. A modalidade é destinada a empreendedores formais - como MEIs (microempreendedores individuais) e pessoas jurídicas - e informais, que não têm fácil acesso a empréstimos ou créditos convencionais. Por meio do microcrédito, cada empreendedor pode captar até 20 000 reais.
Entre as vantagens da operação estão as taxas de juros reduzidas, isenção de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e a facilidade de aprovação. O empreendedor também pode contratar o Microcrédito Produtivo Orientado (MPO), disponível para empresas de pequeno porte (EPPs) com faturamento de até 200 000 reais por ano e microempreendedores individuais (MEIs). Nesse caso, o agente financeiro fornece uma orientação ao empresário sobre o uso consciente do dinheiro, com o foco na ampliação e saúde financeira do negócio.
8. Crédito para empresas BNDES
Entre as linhas de crédito para pequenas empresas estão as opções oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que possui produtos exclusivos para micro e pequenas empresas.
A BNDES Crédito Pequenas Empresas é vinculada a agentes financeiros credenciados e oferece limite de crédito máximo de 500 000 reais por cliente a cada 12 meses, com prazo máximo de até 60 meses e dois anos de carência. A taxa média de juros chega a 1,3% ao mês e inclui a remuneração do BNDES e do agente financeiro envolvido na operação.
O BNDES também oferece um cartão de crédito exclusivo para a compra de máquinas, equipamentos, veículos e outros bens de produção para a empresa diretamente de fornecedores credenciados. O crédito está disponível para micro, pequenas e médias empresas. O financiamento pode ser de até 100% do valor do bem e o prazo de pagamento varia entre 3 a 48 prestações mensais.
9. Investidores-anjo
Para quem busca linhas de crédito para abrir uma empresa, vale a pena recorrer aos investidores-anjo, que são pessoas físicas que investem em empresas com alto potencial de crescimento. Neste tipo de operação, o investidor-anjo - que também pode ser um pequeno grupo de pessoas físicas - recebe uma participação minoritária no empreendimento, entre 5% e 10%. Mais do que dinheiro, os investidores podem contribuir compartilhando experiências e contatos estratégicos.
A organização sem fins lucrativos Anjos do Brasil, por exemplo, oferece oportunidade de aportes entre 100 000 reais e 800 000 reais. Mas, para captar recursos, as empresas devem apresentar produtos ou serviços inovadores, que tenham alto potencial de crescimento e apresentem processos escaláveis.
10. Financiamento coletivo
Outra alternativa para conseguir linha de crédito para uma empresa nova ou para impulsionar um negócio já existente é recorrer ao financiamento coletivo, popularmente conhecido como “vaquinha”. No Brasil, há plataformas online que oferecem esse tipo de serviço.
Para solicitar, basta cadastrar o seu projeto e estipular um valor a ser arrecadado por determinado período de tempo.
Crédito empresarial: um mercado em expansão
Embora os empreendedores brasileiros ainda encontrem dificuldade no acesso ao crédito, o cenário tem sido animador. De acordo com a Sondagem Conjuntural de Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae em 2019, houve um um crescimento na proporção de empresários que buscaram empréstimo ou financiamento em 2019. Aumentou também a proporção de empreendedores que afirmaram não ter encontrado dificuldade na obtenção do empréstimo em 2019 (31%), contra 29% em 2018, e 18% em 2017.
Além disso, muitas iniciativas surgiram para apoiar o microempresário e impulsionar negócios. No Brasil, por exemplo, a ascensão das fintechs contribuíram fortemente para a democratização do acesso ao empréstimo.
Nos últimos dois anos, o número de pessoas jurídicas que acessaram crédito saltou de 42.273 para 276.355, segundo o relatório "A nova fronteira do crédito no Brasil", divulgado pela consultoria PwC em 2019.
O que é preciso avaliar antes de contratar uma linha de crédito para a sua empresa
A escolha por qualquer modalidade de crédito deve ser criteriosa. Isso porque, o planejamento é essencial para qualquer decisão que envolva a saúde financeira do negócio.
Por isso, é sempre válido realizar pesquisas e comparar taxas e condições de empréstimo em diferentes agentes financeiros, a fim de encontrar a solução que melhor atenda a necessidade da sua empresa. Veja o que considerar antes de assinar o contrato de empréstimo:
1. Faça um planejamento financeiro
Antes de escolher uma linha de crédito específica, faça um planejamento e entenda quanto a parcela vai pesar no caixa da empresa. O crédito é uma potencializador para o seu negócio, por isso, a organização de suas finanças e separação do fluxo de caixa é tão importante.
Avalie as taxas, prazo de pagamento e como a empresa arcará com as parcelas. Um ponto importante é tentar não comprometer mais de 30% do fluxo de caixa e encaixar os pagamentos do empréstimo nas contas da companhia.
Se você deseja abrir um novo negócio, é preciso analisar o capital necessário para tirar o plano do papel e se será possível arcar com as parcelas do empréstimo no período inicial, visto que, dependendo do empreendimento, o lucro não costuma ser imediato.
2. Pesquise e faça simulações
Cada agente financeiro possui exigências, fatores de restrição, taxas, encargos, prazos e limites, que fazem parte da política de crédito, o que costuma variar bastante.
Por isso, é sempre válido realizar pesquisas e fazer simulações de crédito, a fim de identificar a melhor solução para sua necessidade. Com acesso ao que é praticado no mercado, é possível ter mais poder de negociação.
Aproveite recursos tecnológicos para comparar as modalidades e simular taxas e prazos de pagamento.
3. Fique atento ao CET
Ao realizar as simulações, não esqueça de olhar todos os custos envolvidos na operação. Isso porque, bancos também cobram taxas administrativas e, por isso, a referência para comparar as linhas de crédito é o CET (Custo Efetivo Total).
Quando você sabe exatamente quanto terá que desembolsar evita ter surpresas nas parcelas, como acréscimos nas parcelas. Para aprender a calcular o CET de juros, leia: CET: o que é Custo Efetivo Total e como calcular.
Agora que você já sabe como aprimorar a gestão financeira da sua empresa e como captar recursos para impulsionar ou abrir um novo negócio, compartilhe com os seus amigos através dos botões abaixo.
Por: Bruno Papi