O acesso à educação ainda é um dos grandes desafios do Brasil. Embora o país tenha 8,3 milhões de alunos em curso de nível superior, o número ainda é pequeno se levarmos em consideração que apenas 17% das pessoas entre 24 a 34 anos concluem a graduação, de com a análise da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Algumas iniciativas, porém, têm melhorado o setor e engajamento dos jovens nesse sentido. O aumento de instituições - seja pública ou privada, tem possibilitado mais acesso às universidades. Além disso, cursos à distância e programas de financiamento estudantil - público e privado - servem como porta de entrada ao mundo do curso superior.
No cenário do crédito estudantil público, por exemplo, o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), do Ministério da Educação (MEC), atendeu, entre 2010 e 2017, 2.567.801 estudantes. Desse montante, 30% recebia apenas um salário mínimo como renda.
O FIES oferece aos estudantes o financiamento estudantil em duas modalidades: uma de juros zero, voltada aos que mais precisam, e outra composta por uma escala de financiamento que varia conforme a renda familiar do candidato (podendo chegar a taxas de juros a 6,5% ao ano, prazo de carência de 18 meses e período de amortização de até três vezes o tempo de permanência como financiado). Mas, para conseguir o benefício, o universitário tem que cumprir uma série de pré-requisitos básicos - como ter nota mínima no ENEM e comprovar renda.
Assim como o FIES, outro programa público contribuiu ao setor. O Programa Universidade para Todos (Prouni) também melhorou o acesso ao ensino superior, por meio da concessão de bolsas de estudo que vão de 50% a 100% das mensalidades, dependendo da atuação do candidato no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
As bolsas são oferecidas por universidades cadastradas e reconhecidas pelo MEC e elas são geradas por meio de isenção fiscal do governo federal. Em 2017, o programa gerou 361.925 bolsas, sendo 171.641 integrais.
Aos que não conseguiram ter acesso aos projetos estudantis público, a orientação é buscar bolsa de estudos com a própria universidade. Em alguns casos, elas oferecem descontos ou programas de bolsas por atletismo, empresa júnior etc.
Além disso, o setor financeiro privado oferece um leque de opções de financiamento estudantil. Dependendo da negociação ou da parceria da faculdade com a instituição de financiamento, o valor pode ser tão vantajoso e parecido quanto o do FIES.
Muitos, porém, ainda têm dúvidas de como acessar e checar as melhores opções do crédito estudantil. Ou, não sabem como se planejar para que o empréstimo não vire uma bola de neve de dívidas logo no início da carreira. Confira, a seguir, algumas dicas.
Fiquei fora do FIES, o que faço?
Não entrou na faixa do FIES pela reformulação; não preencheu os pré-requisitos básicos para conseguir o benefício; se enrolou para pagar alguma mensalidade da faculdade; e etc. Esses são alguns dos motivos que fazem as pessoas buscarem financiamento estudantil no mercado privado.
E a procura por empréstimo em financeiras e em banco têm aumentado cada vez mais. Segundo o Censo da Educação Superior 2017, o crédito de instituições privadas representaram 6,2 milhões de matrículas em cursos de ensino superior. Dessas, 2,8 milhões foi por meio de alguma modalidade de financiamento ou bolsa.
Ao seguir por essa opção, porém, é preciso estar atento e certo da atitude que está tomando. Quando for contratar o empréstimo, é importante levar em consideração dois pontos. O primeiro, é ter visão de futuro. Avaliar os cenários de pagamento e entender se será possível pagar o empréstimo ao longo dos anos propostos. A segunda, é compreender se as condições do financiamento estudantil comportam no seu bolso.
O primeiro ponto é decidir o futuro, ter uma visão de longo prazo. Depois disso, avalie as condições de financiamento e as taxas de juros. Isso ajudará a evitar surpresas mais a frente.
Quais são as opções de financiamento estudantil no mercado?
Entre as opções, existem duas grandes companhias no mercado, que são o crédito estudantil do PraValer, da Ideal Invest, gestora de crédito que tem o Itaú entre seus acionistas; e a do Bradesco.
No PraValer, é possível solicitar o financiamento com instituições credenciadas no programa. Dependendo da faculdade que o futuro universitário tem interesse, é possível conseguir o crédito sem taxa de juros - pois algumas instituições subsidiam o valor.
Em outros casos, as taxas variam de acordo com a simulação de contratação e condições do usuário. Não é preciso ter conta no banco, é tudo feito online e é possível financiar o valor integral da mensalidade. Nessa modalidade, o estudante pode financiar 100% das mensalidades a vencer do semestre vigente. A cada novo semestre, é possível recontratar o valor integral das mensalidades.
É possível também incluir duas mensalidades em atraso no financiamento. Os valores da parcela e tempo de pagamento variam de acordo com a mensalidade e condições disponíveis para o crédito. Dependendo da instituição escolhida, é possível pagar em até 2,2 vezes o tempo do curso.
Já no Bradesco, é preciso ser cliente do banco, ter acima de 18 anos e/ou ter um responsável legal. Para conseguir o financiamento, as universidades têm que ser conveniadas ao banco e as taxas de juros variam de acordo com as instituições, formas de pagamento e condições do estudante. No banco, o cliente tem 12 meses para quitar um semestre do curso, com o valor a ser debitado automaticamente da conta.
Além dessas duas instituições, o banco Santander também aderiu esse mercado, por meio do financiamento de cursos de pós-graduação e MBA. O valor financiado é pago em parcela única diretamente à universidade, com taxas a partir de 2,49%. Para conseguir o benefício, é preciso ser correntista do banco e estar apto a cursar o programa. O aluno poderá solicitar o valor total ou parcial do curso.
Para graduação, a instituição trabalha apenas com o curso de medicina. Os interessados podem solicitar a partir do terceiro mês da graduação e as taxas vão de 1,59% a 2,29% ao mês - sujeito à análise de crédito.
Além do financiamento estudantil
Além do financiamento estudantil, existem outras opções de empréstimo para financiar os estudos. O empréstimo com garantia de imóvel é uma dessas alternativas, pois permite com que o solicitante tenha acesso a quantias elevadas de empréstimo, por meio de taxas pequenas - 1,32% ao mês e 17,04% ao ano.
O empréstimo com garantia de imóvel recebe esse nome, porque utiliza-se uma propriedade para garantir o pagamento das parcelas. Ao fazer isso, o cliente indica para a instituição financeira que ele não apresenta riscos de inadimplência e, assim, consegue o empréstimo com juros baixos. Nessa linha de crédito, um dos pré-requisitos é ter um imóvel registrado no nome de quem solicita e assina o contrato do empréstimo. Pode ser residencial ou comercial.
Tomei o empréstimo, qual o próximo passo?
Ao assumir o financiamento, o estudante deve ficar atento que é uma dívida para o futuro - normalmente, ela será paga ao final da graduação ou curso.
Nesse sentido, o recomendado é fazer um bom planejamento financeiro e guardar aos poucos, ao longo da graduação inteira, parte dessa dívida. Caso isso não seja possível - principalmente em cursos integrais, que impedem o estudante de trabalhar, o indicado é sempre priorizar a dívida já assumida, antes de dar entrada em novas.
O recomendado é guardar aos poucos uma parte da dívida que está assumindo naquele momento, porque as pessoas esquecem. Tem jovem que não consegue emprego porque está com o nome sujo em instituições como o Serasa, por exemplo, e ainda tem dívida com a faculdade. É importante ficar atento para não se enforcar logo no começo da carreira.
Por: Bruno Papi