Cheque especial: vilão ou aliado do seu bolso?

Muitas pessoas confundem com o saldo bancário, outras acham que é uma bonificação oferecida pelo banco. O cheque especial, na verdade, é uma espécie de linha de crédito disponibilizada pela instituição financeira. O banco coloca um limite na sua conta corrente que é consumido quando o saldo fica negativo.

Mas como essa modalidade é apresentada de uma forma muito confusa aos clientes, faz com que cerca de 1 milhão de famílias brasileiras fiquem endividadas. Outro fator que contribui para esse índice são os juros de mais de 300% ao ano. Para efeito de comparação, o empréstimo com garantia de veículo apresenta juros médios de 26% ao ano, ou seja, 12 vezes menor do que o cheque especial.

Por se tratar de uma modalidade de fácil acesso, afinal, quase todas as contas possuem o limite extra, os clientes acabam se complicando. Isso acontece pois é muito comum confundir o cheque especial com o saldo real em conta. Além disso, muitos não sabem como o cheque especial funciona, já que esse limite aparece automaticamente na conta corrente. Para contribuir, os bancos também não deixam claras as formas de pagamento e as taxas de juros da modalidade.

O que é cheque especial e como pagar?

O cheque especial é um limite pré aprovado que o banco libera a partir da abertura da conta. No entanto, é feito mesmo sem a solicitação do cliente, sendo necessário contatar o atendimento para cancelar ou fazer alterações. Esse saldo extra é consumido automaticamente quando o cliente faz algum pagamento ou saque e não possui dinheiro na conta.

Alguns bancos dão nomes diferentes para a mesma modalidade. Por exemplo, no Itaú é o LIS e na Caixa é o Cheque Azul, porém, na essência, seguem todos a mesma linha com algumas diferenças nas condições. Dependendo do histórico e relacionamento do cliente, é possível conseguir até 10 dias para utilizar o cheque especial sem pagar juros, por exemplo.

No gráfico abaixo, as principais modalidades de crédito são comparadas relacionando os índices de inadimplência aos juros. Desse modo, é possível entender o porquê do cheque especial possui taxas tão altas.


Fonte: Creditas e Banco Central

Quando usar o cheque especial?

O melhor cenário é que nunca seja necessário recorrer a essa modalidade. De maneira semelhante ao rotativo do cartão de crédito, o ideal é que tenha sempre saldo na conta corrente e pague as faturas em dia.

Entretanto, é claro que imprevistos acontecem. Nesses casos, o recomendável é que só se use o cheque especial caso haja a certeza de que será possível pagar até o dia do vencimento. Se possuir a facilidade dos 10 dias a mais para quitar, aproveite o pagamento do salário para cobrir a despesa.

Mas se estiver passando por dificuldades financeiras e souber que não será possível honrar o pagamento, pense bem ao utilizar. Antes de partir para uma solução emergencial como essa, avalie outras de empréstimos, especialmente as que contam com juros mais baixos. Além do mais, faça um planejamento financeiro para cortar gastos e otimizar os seus rendimentos.

Como quitar uma dívida do cheque especial?

Para quitar a dívida do cheque especial, basta depositar na conta corrente o valor referente à despesa e cobrir o saldo devedor. Assim como é fácil de utilizar, também é simples de pagar. Mas se alguém está utilizando essa linha provavelmente teve alguma dificuldade com as finanças.

Como os juros são muitos altos, essa dívida pode se transformar em uma bola de neve e fugir do controle. Se for necessário, procure um empréstimo online com juros menores. Lembre-se que pode até ser em outra instituição financeira, nesse caso, deve-se recorrer à portabilidade de crédito e transferir a dívida para outra empresa.

Uma vantagem de pegar um empréstimo é que, no cheque especial, após o vencimento, a dívida será cobrada integralmente. Outras modalidades de crédito permitem parcelar o saldo devedor.

Dois exemplos interessantes são o empréstimo com garantia de imóvel e empréstimo com garantia de veículo. Com taxas médias de 1,26% e 2,6%, respectivamente, são opções muitos mais vantajosas do que o cheque especial.

Faça o planejamento financeiro e entenda qual é a melhor opção para comprometer a renda e quitar as dívidas. Entenda onde é possível cortar e qual a melhor linha de crédito para utilizar. Vale ressaltar que o ideal é o valor máximo da parcela de um empréstimo não ultrapassar 30% da renda mensal.

Por fim, cancele de uma vez o cheque especial. Ao tomar essa atitude não será mais possível cair nessa armadilha outra vez, logo após negociar e quitar o saldo devedor junto ao banco, é possível solicitar o cancelamento do produto pelos canais de atendimento.

Atualizado em

Por: Bruno Papi

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