Open Banking: O que é e como funciona no Brasil?

Na tradução literal do inglês, open banking significa “banco aberto”, ou “sistema bancário aberto”. Esse conceito tem um princípio simples: o de que é preciso abrir o leque de opções disponíveis para o consumidor e permitir que ele tenha mais liberdade para levar suas informações financeiras para onde quiser.

A base do Open Banking é simples: todo o mercado financeiro deveria adotar uma camada de tecnologia padronizada – uma forma de comunicação fácil para simplificar a portabilidade de dados.

De quebra, essa tecnologia, conhecida como APIs, também vai permitir ampliar a oferta de produtos e serviços financeiros – trazendo mais concorrência e competição a um setor conhecido por ser super concentrado.

Isso acontece porque a premissa do Open Banking é ter APIs abertas – ou seja, ter essa base de tecnologia disponível para que um ecossistema de produtos e serviços financeiro seja criado ao redor das instituições.

Tudo isso pode ser feito em um ambiente seguro – como já acontece hoje com todas as operações online – no qual o cliente tem total controle das informações que decide compartilhar com outras instituições ou empresas.

O Reino Unido é um dos locais nos quais o Open Banking já é uma realidade. Estados Unidos, Austrália, Japão, União Europeia e Hong-Kong também já estudam como implementar esse sistema.

No Brasil, a primeira fase do Open Banking teve início em fevereiro (veja o cronograma completo no final deste artigo).

O que é Open Banking na prática?

Imagine todo o histórico de crédito construído ao longo do tempo com um banco – as contas pagas em dia, os salários depositados, as prestações, empréstimos, perfil de gastos e etc.

Com o Open Banking, o cliente consegue pegar todas essas informações e levá-las para onde quiser, sem ter que começar um relacionamento do zero com uma nova instituição.

Essa é uma mudança enorme que vai facilitar muito a vida dos clientes que desejam migrar de instituição ou simplesmente adquirir um novo produto financeiro.

Hoje, mudar de banco é um processo burocrático e chato – e começar a usar um novo serviço nem sempre é uma experiência completa.

Isso acontece porque, muitas vezes, falta à nova instituição ou produto o contexto para conseguir oferecer às pessoas algo mais personalizado, como um limite de crédito ou um pacote de investimentos adequado a cada perfil. Com o Open Banking:

  • Um cliente que pede um empréstimo em uma instituição, por exemplo, poderia usar seu histórico já existente em outros lugares para conseguir melhores taxas de juros ou limites.
  • Além disso, fica muito mais fácil desenvolver novos produtos e serviços quando todo o mercado fala a mesma língua e tem um padrão.

Isso não significa que toda a tecnologia, de todas as instituições, será a mesma – e muito menos que as informações ficarão soltas no sistema.

Na verdade, apenas uma camada dessa tecnologia será capaz de entender e conversar com todas as plataformas do sistema se o cliente quiser levar seu histórico para outra instituição ou compartilhá-los com algum serviço – como um aplicativo de controle de gastos ou em sites de compras, por exemplo.

Essa tecnologia – ou forma de conversar – se daria por meio de APIs. Essa é a parte técnica da operação, mas que poucos precisam entender, são os bastidores.

O que são as APIs do Open Banking?

API, ou application programming interface, é parte de um sistema que funciona justamente como uma área compartilhada para falar com outros sistemas.

Por exemplo: toda vez que você acessa um site, o seu navegador só consegue mostrar as informações porque está “conversando” com a API do servidor no qual a página está hospedada.

As APIs são parte de diversos programas usados dentro de todos os tipos de empresas – mas elas também podem ser abertas para a comunidade, o que significa que terceiros também conseguem criar produtos a partir delas.

As empresas de tecnologia são famosas por terem APIs abertas. Com a API do Google Maps, o serviço de mapas do Google, qualquer um consegue construir um site com um mapa integrado a ele, por exemplo.

Vários sites também usam as APIs abertas de redes sociais para criar formas mais rápidas de cadastro. Repare na quantidade de páginas que dão a opção fazer login usando o perfil de uma rede social.

Em resumo, a API da rede social é uma forma padronizada de pedir e usar as informações que o usuário já colocou por lá na hora de fazer o cadastro no site – mas ela só funciona se o usuário quiser permitir essa integração.

De forma similar, o Open Banking propõe que todo o mercado financeiro tenha APIs abertas.

Cada banco, empresa, fintech ou operadora continua tendo autonomia para desenvolver os produtos que quiser, com a tecnologia que escolher e adotando todos os procedimentos de segurança.

A diferença é que passaria a existir uma forma padronizada de conversar. A partir delas, uma série de produtos e serviços podem surgir para competir com os atuais bancos e fintechs ou para complementar o que eles oferecem.

Nenhum deles, no entanto, tem acesso aos dados sem que o cliente escolha compartilhar suas informações.

Vantagens do Open Banking

Não existe um único modelo de Open Banking. Diversos países no mundo estudam formas de implementá-lo.

No entanto, existem vantagens gerais particulares dos princípios básicos desse sistema:

  • Mais liberdade e autonomia para os clientes: hoje, a burocracia interna das instituições é uma barreira enorme na hora de tentar mudar de banco. Além disso, quanto maior o tempo de relacionamento com uma instituição, mais informações ela tem a respeito do cliente. Ao migrar, pelo menos parte dessas informações se perde. Com o Open Banking, o cliente não fica preso a esse sistema.
  • Menos custos: as APIs abertas criam um sistema muito mais integrado, no qual pode ser possível cortar intermediários e tornar processos mais rápidos e baratos.
  • Mais competição: o Open Banking reduz a barreira de entrada para novos serviços e produtos, criando um ambiente mais competitivo e com mais opções para o consumidor.

Além das vantagens, existem também pontos de atenção ligados ao Open Banking – em especial à segurança das informações.

Por isso, o primeiro e mais importante passo na criação de um sistema de Open Banking é garantir um ambiente seguro para os usuários.

Além disso, países que já começaram a testar o sistema (como a Inglaterra) criaram também uma série de leis e regras para impedir o mau uso das informações dos clientes – além de formas simples de cortar o acesso aos dados quando o cliente não quiser mais utilizar algum serviço ou produto.

Ter mecanismos de controle, que realmente deem autonomia aos clientes, é um ponto fundamental do Open Banking.

Utilizar o Open Banking é seguro?

A resposta curta é: sim. O primeiro passo na criação de um sistema de Open Banking é garantir um ambiente seguro para todas as partes envolvidas.

De acordo com o Banco Central, as instituições participantes devem cumprir uma série de requisitos para garantir a autenticidade, a segurança e o sigilo das informações compartilhadas.

É importante ter em mente que Open Banking não significa que os dados de todo mundo são públicos mas, sim, que as pessoas têm controle para levá-los para onde quiser – isso se dá por meio de APIs, uma tecnologia que permite que troca de informações aconteça de forma mais simples e barata.

Países que já começaram a testar o sistema, como a Inglaterra, criaram várias leis e regras para impedir o mau uso das informações dos clientes – além de formas fáceis de cortar o acesso aos dados quando o cliente não quiser mais utilizar algum serviço ou produto. E, no Brasil, não será diferente.

Como vai funcionar o Open Banking no Brasil?

No Brasil, o cronograma de 2021 está dividido em 4 etapas, de acordo com o Banco Central.


  • Fase 1: A primeira fase teve início no dia 1/02. Nela, foram abertos os dados das instituições participantes, seus canais de atendimento e os produtos e serviços que oferecem – como contas de depósito à vista, poupança, pagamento e operações de crédito. Essa 1ª fase não envolve o compartilhamento de dados de clientes.
  • Fase 2: Na segunda fase, que começa no dia 13/08, o cliente poderá compartilhar seus dados pessoais de cadastro, como nome completo, CPF/CNPJ, telefone, endereço e dados de transações relativas aos produtos e serviços de suas contas. Tudo isso acontece somente com a autorização da pessoa.
  • Fase 3: Na terceira fase, com início em 30/08, vai ser possível iniciar um pagamento fora do ambiente do banco via Pix. Clientes poderão ter acesso a serviços como pagamentos e propostas de crédito por um aplicativo de mensagem, por exemplo.
  • Fase 4: Na quarta fase, que terá início em 15/12, será possível o compartilhamento de outros dados de produtos e serviços, como informações relacionadas a operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência.

Cronograma completo do Open Banking no Brasil

Ainda há um cronograma previsto para 2022, quando haverá a liberação gradual de outras funcionalidades. Confira as datas:

15 de fevereiro de 2022

Compartilhamento de serviços e transferências entre contas do mesmo banco e TED.

30 de março de 2022

Compartilhamento do envio de propostas de operações de crédito a clientes que aderirem ao open banking.

31 de maio de 2022

Compartilhamento de dados de clientes sobre demais operações financeiras, como câmbio, investimentos, previdência e seguros.

30 de junho de 2022

Compartilhamento de serviços de pagamento por boleto.

30 de setembro de 2022

Compartilhamento de serviços de débito em conta.

Gostou de aprender mais sobre o Open Banking? Então, compartilhe esse artigo com os seus amigos!

Fonte: Banco Central e Nubank

Atualizado em

Por: Bruno Papi

Compartilhe esse artigo com mais pessoas: